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O vírus zika não está na lista das dez principais preocupações do CEO da Olimpíada do Rio, Sidney Levy, na qual o primeiro lugar é ocupado pela segurança e o risco de ações terroristas promovidas por "lobos solitários". A possibilidade de ataques feitos por indivíduos isolados também domina as preocupações do governo dos Estados Unidos, país de onde sairá a maior parte do público internacional que assistirá os Jogos Olímpicos.
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"Hoje nós temos um mundo diferente, quando olhamos o que aconteceu em Paris, em Bruxelas ou Orlando. É necessário estar preparado para os 'lobos solitários'", disse à reportagem do jornal O Estado de S.Paulo a embaixadora americana no Brasil, Liliana Ayalde, referindo-se a recentes atentados terroristas.
Os Estados Unidos são um dos principais países que cooperam com o Brasil na preparação do complexo esquema de segurança que cercará a Olimpíada. Segundo Ayalde, o governo americano promoveu mais de cem programas de treinamento de policiais e agentes brasileiros no último ano e meio.
Entre eles, estavam detecção de explosivos, gestão de multidões em caso de incidentes, segurança de aeroportos e administração de diferentes tipos de crises. "Houve uma combinação de missões de observação (nos EUA) e treinamentos específicos, que foram pedidos pelos brasileiros."
Enviados dos EUA integram o grupo de especialistas em segurança de mais de cem países que trabalham ao lado de colegas brasileiros no Rio para tentar evitar incidentes durante os Jogos. "Logo depois do ataque de Orlando, as autoridades brasileiras pediram uma descrição completa do que havia ocorrido e o que poderia ter sido feito para evitar (o atentado)", ressaltou Ayalde. Com 49 mortos, o tiroteio em massa na cidade da Flórida foi a mais violenta ação desse tipo já registrada no país.
Como parte dos programas de treinamento, agentes brasileiros foram aos Estados Unidos para acompanhar megaeventos, entre os quais o Super Bowl, e visitar os locais de realização da Maratona de Boston, disse a embaixadora.
"A principal questão no Brasil, como em qualquer lugar do mundo, é o 'lobo solitário'", afirmou Levy, durante evento sobre a Olimpíada em Washington. "A ameaça do terrorismo é basicamente um jogo de informação. Você tem que saber o que está acontecendo."
O CEO dos Jogos do Rio-2016 observou que a presença de agentes de mais de cem países no Brasil permite que a cooperação internacional ocorra em tempo real. "Se chega alguma coisa suspeita de um determinado país no porto, você pode perguntar a agentes daquele país o que eles sabem", exemplificou.
Levy disse que serão criados quatro "anéis de segurança" ao redor dos locais onde as competições serão realizadas. Dentro dessas "bolhas" será proibido o trânsito de carros privados e a locomoção entre elas será feita apenas por rotas específicas, ressaltou Levy.
Além do trabalho de inteligência e do estabelecimento dos "anéis", a segurança ganhará o reforço de 85.000 policiais e militares que estarão nas ruas da cidade, observou o executivo. "Nós estamos basicamente ocupando o Rio para evitar qualquer problema."