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Um ato político do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) neste domingo (10) para comemorar um ano da invasão de uma área da empresa Araupel, em Quedas do Iguaçu, no centro-sul do Paraná, se transformou em um evento contra o governo interino de Michel Temer (PMDB).
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O MST fala em parar o país caso o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff tenha sequência. Segundo o movimento, o ato reuniu 8.000 pessoas de vários assentamentos no Estado.
João Paulo Rodrigues Chaves, da coordenação nacional do MST, afirmou que o governo interino está retirando direitos dos trabalhadores e transformando o Brasil em "quintal dos EUA".
"É um governo que não tem compromisso com as urnas, não pretende se reeleger, então vão usar a máxima de Maquiavel e fazer todas as maldades de uma vez só", afirmou.
Para o MST, os movimentos sociais precisam unir força nos próximos dias, tomar as ruas e promover paralisações grevistas.
"Só as ruas não darão conta de paralisar esse processo golpista, porque ele tem apoio dos meios de comunicação e do judiciário. Vamos ter que parar o país com o intuito de avançar na resistência de não retirar os direitos dos trabalhadores", disse.
O acampamento Dom Tomás Balduíno, que reúne cerca de 3.000 famílias, foi palco de um confronto entre policiais militares e integrantes do movimento que deixou dois sem-terra mortos no dia 7 de abril. O clima ainda é de tensão na cidade, que teve o policiamento reforçado.
Roberto Baggio, coordenador estadual do movimento, falou em "manter a batalha contra os golpistas para que o país entregue o poder ao povo".
AUSÊNCIA
Uma caravana de deputados que seria liderada pela senadora Gleisi Hoffmann (PT) deveria ter ido ao ato mas, segundo os organizadores, um atraso no vôo impediu a presença dos parlamentares.
Ao final do evento, foi servido um churrasco. Segundo o MST, parte da comida servida foi doada por comerciantes da cidade.
O acampamento está localizado dentro de uma área da empresa Araupel, que trabalha com reflorestamento e beneficiamento de madeira.
A empresa, que emprega mil trabalhadores na cidade, sofreu várias invasões ao longo dos últimos anos e já cedeu dois terços de sua área para a reforma agrária.
Em abril, durante o velório de um dos sem-terra mortos no confronto, membros do movimento afirmaram que vingariam a morte com novas invasões nas terras da Araupel.
Neste domingo, o movimento voltou a afirmar que pretende avançar nas ocupações até a empresa deixar a cidade. Com informações da Folhapress.