Em primeira entrevista conjunta, Trump e Pence expõem divergências

O magnata monopolizou a entrevista, interrompendo e dando pouco espaço para as respostas do seu vice

© Carlo Allegri/Reuters

Mundo EUA 18/07/16 POR Folhapress

O provável candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, deu sua primeira entrevista conjunta ao lado do governador de Indiana, Mike Pence, escolhido para concorrer como seu vice.

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Formada para tentar unir o partido, a dupla expôs suas divergências pessoais e políticas durante a entrevista.

O magnata monopolizou a entrevista, interrompendo e dando pouco espaço para as respostas do seu vice, além de criticar alguns dos posicionamentos dele. O encontro teve vários momentos em que os dois entraram em contradição, e geraram constrangimento.

A fim de fugir das divergências, Trump acabou enfocando em ataques a sua provável adversária, Hillary Clinton, em vez de responder sobre problemas em sua campanha.

DIREITO DE ERRAR

Pence apoiou a guerra dos Estados Unidos no Iraque, por exemplo, o que Trump critica. Perguntado sobre isso, o candidato disse que "não se importa", e que Pence "tem direito de cometer um erro".

Segundo ele, entretanto, sua provável concorrente do partido Democrata, Hillary não tem direito a cometer erros, disse, respondendo a pergunta sobre isso.

A entrevista foi divulgada pelo programa "60 Minutes" da rede CBS, na véspera do início da Convenção Nacional Republicana em Cleveland, onde os delegados de todo o país se reunirão para nomear oficialmente Trump e Pence como candidatos do partido para a eleição 8 de novembro.

ESCOLHA DO VICE

Trump apresentou oficialmente Pence como seu vice de chapa no sábado (16), descrevendo-o como alguém que gera empregos, sabe balancear o orçamento e que irá ajudar a unificar o partido.

"O governador de Indiana, Mike Pence, foi a minha primeira escolha, tenho admirado o trabalho que ele tem feito, especialmente no estado de Indiana", disse Trump em um evento na cidade de Nova York.

A decisão de Trump de selecionar Pence foi vista como um movimento para unificar o Partido Republicano, que permanece profundamente dividido devido à vitória nas primárias do magnata nova-iorquino do setor imobiliário.

"Vamos nos unir como partido, como povo, como um movimento, para fazer a América grande de novo, e que esse dia comece quando Donald Trump se tornar o 45º presidente dos Estados Unidos da América", disse Pence.

VOTO RELIGIOSO

Antes de governar Indiana, ele emendou seis mandatos (dois anos cada) como deputado, o que lhe dá algum trânsito em Washington, qualidade apreciada pelo magnata -o vice, nos EUA, também assume a presidência do Senado e é um dos articuladores da Casa Branca com o Congresso.

Evangélico, Pence é visto como uma ajuda para conquistar o voto religioso -um em cada quatro americanos tem a mesma fé, segundo o Centro de Pesquisa Pew.

Na entrevista conjunta, entretanto, Trump disse que "não precisa" de Pence para conquistar os eleitores religiosos.

APELO DE AUDIÊNCIA

A entrevista da dupla Trump/Pence se enquadra no apelo que a eleição norte-americana está gerando para a audiência de TVs dos EUA.

Graças à grande procura dos anunciantes, as redes de televisão dos Estados Unidos estão ampliando sua cobertura da Convenção Nacional Republicana em comparação a quatro anos atrás e planejando usar as redes sociais para capturar quaisquer momentos inesperados, disseram executivos das emissoras.

Provável candidato republicano, Trump pode ser novo na política, mas o ex-apresentador de reality show é um veterano da TV que prometeu ignorar o roteiro de uma convenção tradicional e lhe dar um toque de "showbiz".

Para aumentar a incerteza em relação ao evento, haverá protestos do lado de fora do centro de convenções de Cleveland e existe a possibilidade de discórdia entre os delegados do partido.

"É seguro dizer que haverá surpresas", disse Sam Feist, chefe de redação da CNN de Washington.

As apostas são altas para as redes de sinal aberto e a cabo. Analistas de mídia preveem que a audiência para o discurso no qual Trump irá aceitar a indicação republicana pode superar os 38 milhões de telespectadores que assistiram a Barack Obama fazer o mesmo na convenção democrata de 2008.

INESPERADO

O potencial de um acontecimento inesperado no que normalmente é um evento meticulosamente coreografado está criando uma grande procura por espaços de anúncio, contaram executivos dos canais de TV.

A CNN está pedindo entre US$ 40 mil (cerca de R$ 130 mil) e US$ 100 mil ( R$ 325 mil) para veicular comerciais de 30 segundos, segundo uma fonte a par do assunto -muito mais do que custo típico de cerca de US$ 7 mil (R$ 22,75 mil) por um anúncio no horário nobre na CNN.

Restaurantes de fast-food e estúdios de cinema estão veiculando mais comerciais do que em convenções anteriores.

A rede CBS tem testemunhado uma grande procura por anúncios para as duas convenções partidárias e já reservou espaços para as indústrias de entretenimento, bens de consumo diário e viagens, entre outras, disse uma fonte do canal. Com informações da Folhapress.

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