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Sergio Machado, presidente do Grupo Record, morreu na noite desta terça (19) aos 68 anos, em razão de complicações de uma cirurgia feita em novembro de 2015, para retirar um tumor benigno da meninge. Machado trabalhava há alguns anos em um livro de memórias, cujo destino fica em suspenso com a sua morte.
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"Ele deixa um legado e uma missão: a valorização dos nossos autores, que é o grande patrimônio da Record", disse Sônia Machado Jardim, irmã do editor, que assumirá a presidência da empresa.
Economista, Machado deixou o emprego na Vale do Rio Doce aos 24 anos para trabalhar na empresa fundada pelo pai, Alfredo, e pelo tio, Décio. Assumiu a presidência do grupo em 1991, promoveu a compra de editoras e criou novos selos para diversificar o catálogo da casa.
Com Machado, a Record passou a apostar de forma mais forte na literatura comercial, mas valorizando também os "long-sellers" (livros que não vendem muito, mas vendem sempre).
"Ele teve uma noção muito de vanguarda de movimento editorial no mundo. É o fim de uma era", diz Carlos Andreazza, editor-executivo da Record.
Sob seu comando, o Grupo Record acumulou selos de prestígio, como a Civilização Brasileira e a José Olympio. Com as aquisições, transformou a empresa da família em um dos principais grupos da América Latina.
Conhecido pelo tino comercial, Machado seguiu o caminho de seu pai ao valorizar a literatura de entretenimento -ainda que, sob seu guarda-chuva, quase todo o espectro do meio editorial fosse contemplado.
Tanto que, na Record, títulos de apelo comercial convivem com clássicos literários, como Gabriel García Márquez e Rachel de Queiroz.
"O pai dele atraiu para a casa grandes nomes da literatura brasileira já consolidados. Com o Sergio, a editora criou seus próprios autores", diz a agente literária Luciana Villas-Boas, que foi diretora editorial do grupo até 2012.
Nos últimos anos, as obras de alguns autores muito associados à casa, porém, como Jorge Amado e Ferreira Gullar, acabaram deixando a editora.
O editor também entrou em polêmicas quando achou necessário. Em 2011, ameaçou não mais participar do Prêmio Jabuti, por não concordar com o troféu principal dado a Chico Buarque, que havia ficado em segundo colocado na categoria de romance.
Em 2004, na segunda Flip, chegou a distribuir uma carta entre amigos afirmando que o evento literário era percebido como um evento da Companhia das Letras. Machado deixa a mulher, Maria do Carmo, três filhas e três netos. Com informações da Folhapress.