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Freud já dizia que o ser humano vive em uma constante busca pelo prazer e que, em seu íntimo, tudo o que ele mais deseja é voltar para o aconchego do útero da mãe. Ao nascer, um momento traumático na vida do bebê mas muito feliz para os pais, a criança começa a ser submetida a uma bateria de exames, tudo para garantir que ele tem e que irá continuar com saúde.
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Alguns procedimentos são realmente muito importantes e até imprescindíveis após o parto, como o famoso teste do pezinho. Outros são totalmente desnecessários. “Se ele nasce chorando, ativo e com boa movimentação devemos ser o menos invasivos possível”, afirma a pediatra Lílian Sadeck, vice-presidente da SPSP (Sociedade de Pediatria de São Paulo) ao UOL. Ela indica que os pais se informem muito bem com a maternidade e os obstetras responsáveis pelo parto sobre os procedimentos, para evitar que algo seja feito com o bebê sem necessidade.
"Suavizar o nascimento deveria ser a regra, ainda mais quando a criança nasce bem e o parto transcorreu sem intercorrências”, defende a doula Maria de Lourdes da Silva Teixeira, Fadynha, presidente da Ando (Associação Nacional de Doulas).
Conheça os procedimentos que os pediatras e doulas afirmam serem desnecessários se o bebê nasce saudável:
1. Corte precoce do cordão umbilical
O cordão umbilical é cortado nos segundos seguintes ao nascimento, principalmente em partos cesárea. Contudo, o ideal é que se espere, pelo menos, dois a três minutos para o corte, pois é o tempo necessário para que o cordão pare de pulsar ou após a saída da placenta, algo que pode prevenir que o recém-nascido tenha anemia. "A prática deve ser diferente se o bebê nascer sem respirar e hipotônico", alerta a pediatra neonatal Lílian Sadeck.
2. Aspiração das vias aéreas
Este procedimento só deve ser parte da rotina quando o bebê apresenta obstrução das vias por secreção e, ainda assim, quando há obstrução tudo deve ser feito com muita delicadeza.
3. Colírio de nitrato de prata
Grande parte dos médicos e hospitais realiza este procedimento que é um dos mais controversos. A aplicação do colírio é feita na primeira hora de vida para prevenir conjuntivite grave através da contaminação por gonococo, bactéria responsável pela gonorreia e que pode estar presente no canal vaginal da mãe - e que pode levar o bebê à cegueira. "Mas esse cuidado não faz sentido em mães que se submetem a cesarianas e, principalmente, a controles pré-natais rigorosos", afirma a doula Fadynha. A mãe tem o direito de recusar o procedimento assinando um termo de responsabilidade na maternidade, comprovando a falta de necessidade com exames que comprovem a ausência de doenças ou com o pré-natal.
4. Passagem de sonda
Extremamente invasiva, a passagem da sonda até o esôfago faz parte da rotina de grande parte dos hospitais, para diagnosticar malformações raras ou ânus imperfurado. O procedimento deve ser realizado com muita delicadeza, contudo existem médicos que defendem que o procedimento só deve ser realizado caso o bebê apresente sintomas que justifiquem.
5. Afastar o bebê da mãe
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde indicam que o bebê seja levado imediatamente para o colo da mãe, ainda na sala de parto, quando nasce em plenas condições físicas, para favorecer o contato entre mãe-bebê e estimular a produção do hormônio ocitocina, bem como a produção de leite materno. Contudo, com tantos procedimentos, raramente isso é feito, a não ser em casos no qual a mãe expressa essa vontade.