© Reuters / Ricardo Moraes
"Sei duas coisas sobre o Rio: perigo e zika", brincou o operador de câmera coreano Juha Kim, 32, minutos depois de desembarcar no Rio de Janeiro, no último dia 20.
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"Minha família pediu para eu sair o mínimo possível de casa, mas acho que vai dar tudo certo", disse Kim.
O humor dele, misto de cautela e otimismo, resumia as impressões dos estrangeiros que chegavam ao aeroporto internacional naquela manhã para a Olimpíada.
A uma semana do início dos Jogos, a cidade começa a mudar de cara com a chegada da chamada "família olímpica" -pessoas ligadas aos Jogos- e turistas.
Os estrangeiros ouvidos pela reportagem disseram que estavam apreensivos com a questão da segurança antes de viajar -tanto com a criminalidade quanto com atentados terroristas, mas a tensão arrefeceu quando se instalaram na cidade.
"Minha mulher e eu estávamos preocupados, com medo de roubos, mas agora que cheguei, estou me sentido mais seguro. Vejo bastante policiamento, disse o holandês Boudenijn Esselink, 41, enquanto passeava pela praia de Copacabana na última segunda (25).
Eles compraram ingressos para cinco esportes há seis meses, e foram ficando mais temerosos à medida que a viagem se aproximava e as notícias ruins sobre a cidade surgiam.
Com a chegada dos turistas, o comércio voltado para eles começa a se instalar na orla -vendedores de camisas esportivas, estátuas humanas, anúncios de passeios de barco. Um sósia do jogador Ronaldinho Gaúcho, Robson Oliveira, 26, cobrava até R$ 70 de estrangeiros por uma foto, e R$ 5 dos brasileiros.
O clima no calçadão é de família, diferente do que se viu na Copa do Mundo, quando grupos de jovens, principalmente de países vizinhos ao Brasil, invadiram a praia.
No aeroporto internacional do Galeão, na última quarta, estrangeiros elogiavam funcionários e criticavam a infraestrutura.
O saguão já estava cheio de militares e voluntários para orientar os recém-chegados -há cerca de 1.200 deles pela cidade. Mesmo assim, muitos estrangeiros ainda pareciam perdidos.
Não ajudava o fato de que o centro de informações estava escondido do desembarque internacional por uma reforma que acontecia no saguão do aeroporto.
De um lado dos tapumes, turistas perdidos; do outro, um balcão às moscas. O aeroporto diz que eles serão removidos até o fim de julho.
"Essa é a coisa mais cretina que já vi", disse a francesa Isabella, 56, que não quis divulgar seu sobrenome, ao desembarcar.
"Os funcionários do aeroporto são todos muito simpáticos, nota-se que estão fazendo esforço para nos receber bem. Mas isso não adianta se a estrutura não estiver no mesmo nível."
Ela, que conhece a cidade, conta que veio para a Olimpíada para acompanhar um amigo desavisado.
"Ainda não estou muito entusiasmada com os Jogos, mas acredito que isso vá melhorar. Me pergunte daqui a três semanas e espero ter uma resposta mais positiva." Com informações da Folhapress.