Novos Baianos retomam 'Acabou Chorare' em nova turnê por capitais

Artistas têm shows confirmandos em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte

© Manu Dias/GOVBA

Brasil Música 01/08/16 POR Folhapress

Com idades entre 64 e 78 anos, os Novos Baianos já não são tão novos assim.

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Mas jovialidade não falta quando, entre risadas e recordações, estão juntos para falar de mais um retorno do grupo.

Eles começam por São Paulo, nos dias 12 e 13 de agosto, no Citibank Hall, a turnê Acabou Chorare e os Novos Baianos se encontram.

Depois irão ao Rio de Janeiro (2 e 3 de setembro), a Belo Horizonte (10 de setembro) e, provavelmente, a mais cidades.

"Podemos completar cem anos que continuaremos sendo Novos Baianos", diz a cantora Baby do Brasil, em entrevista num hotel da Zona Sul do Rio. "Somos uma família. Quando a gente se encontra, tudo pode acontecer."

Em maio passado, ela convenceu Moraes Moreira, Pepeu Gomes e Paulinho Boca de Cantor a reviver os Novos Baianos na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador.

Os quatro formam com o letrista Luiz Galvão o núcleo do conjunto criado em 1968 e dissolvido em 1979 -Moraes saíra quatro anos antes.

O show único rendeu muitos convites e a chance de novo projeto coletivo -já houve a turnê "Infinito Circular" em 1997 e apresentações episódicas como a da Virada Cultural de 2009. Outros da banda também devem participar: Jorginho Gomes, Didi Gomes (irmãos de Pepeu) e Dadi Carvalho.

O quinteto procura rechaçar a ideia de que o principal objetivo do reencontro é comercial. Mas Moraes não reprime a ironia: "Tanto não é comercial que às vezes até se torna".

Quando fala mais sério, é em tom grandioso.

"Sinto que os Novos Baianos têm uma missão no Brasil. Aparecemos num contexto político difícil [a ditadura militar] e viemos para levantar a autoestima do povo brasileiro. Quando cantávamos 'Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor' [do samba 'Brasil Pandeiro', de Assis Valente], era para acreditar que podíamos sair daquele momento. E saímos: da ditadura para a democracia. Hoje é a mesma missão: sair dessa para uma melhor."

"O disco 'Acabou Chorare' foi um amanhecer lindo num país cinzento", acrescenta Paulinho.

No primeiro LP do conjunto, "É Ferro na Boneca" (1970), predominava o rock. E aí eles conheceram João Gilberto, que lhes apresentou a tradição do samba.

Em "Acabou Chorare" (1972), misturaram rock com samba, guitarra com cavaquinho, e mostraram composições diferentes de tudo o que se conhecia: "Preta, Pretinha", "A Menina Dança", "Mistério do Planeta", "Besta É Tu" e outras.

Um júri formado em 2007 pela revista "Rolling Stone" apontou "Acabou Chorare" como o melhor disco já feito no Brasil.

"Deu tão certo porque não foi nada programado", diz Pepeu. "Entramos no estúdio e tocamos. Tínhamos só quatro canais de gravação e saiu aquela maravilha. Hoje usam 128 canais e às vezes não sai nada."

Eles foram morar juntos num sítio em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. Na comunidade hippie, receitas e despesas eram coletivas. Havia muito futebol, muito samba, choro e rock'n'roll.

"As pessoas me perguntam: 'Que horas vocês ensaiavam?'. A vida era um ensaio", conta Moraes, que recentemente ouviu uma adolescente dizer que o sonho dela era ter vivido no sítio com eles. "Eu falei: 'Tome juízo, menina. Você não sabe o que acontecia lá'."

Os filhos começaram a nascer no sítio. Viraram músicos, como Davi Moraes, Pedro Baby (um dos seis filhos de Baby e Pepeu), Betão Aguiar e Gil Oliveira (filhos de Paulinho).

A geração deles e os ainda mais novos continuam cantando as composições dos Novos Baianos.

"Os pais e os avós mostram para a garotada que os Novos Baianos são o caminho de casa da música brasileira", acredita Baby.

"Nosso trabalho era para o futuro. Não estamos relembrando algo que fizemos há 40 anos. Estamos mostrando um trabalho vivo, que as novas gerações adoram", afirma Paulinho.

Como toda família, já houve brigas. Baby, por exemplo, recusa-se a falar sobre o documentário "Filhos de João - O admirável mundo novo baiano" (2009), de Henrique Dantas, do qual todos os outros participaram.

"Mas nunca ficou mágoa nenhuma entre nós", assegura Moraes."A gente dizia que sempre seríamos Novos Baianos porque acordávamos todo dia sem mágoas. É um ensinamento", diz Paulinho. Com informações da Folhapress.

 

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