Por meio do Facebook, a universitária Juliana Pinatti Bardella, de Botucatu, em São Paulo, divulgou, nesta terça-feira (2), a história de como descobriu uma trombose venosa cerebral depois de usar por anos uma pílula anticoncepcional, recomendada por diversos médicos. A postagem da jovem já foi compartilhada mais de 23 mil vezes.
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Segundo informações do R7, Juliana contou que tudo começou com uma ligeira dor de cabeça que foi "aumentando gradativamente durante três semanas, até ficar insuportável". Em seguida, ela disse ter buscado ajuda médica, recebendo uma receita para enxaqueca.
De acordo com a jovem, a médica não pediu qualquer exame e também não a encaminhou a um especialista, apesar da insistência da paciente.
"Era sexta-feira, dois dias após ter ido ao hospital. Acordei pela manhã para ir à aula, quando fui levantar da cama minha perna direita não respondeu ao meu comando, mas com algum esforço levantei. Escovando os dentes percebi que minha mão direita também não estava normal. Tentei me vestir, sem sucesso. Aquilo estava muito estranho, então não fui a aula e resolvi esperar passar. Não passou. Alguns minutos depois peguei o celular para fazer uma ligação, mas foi muito difícil, fiquei muito tempo olhando para a tela sem saber o que fazer, como se tivesse esquecido como manusear um telefone. Deixei o celular de lado e fui ao banheiro, e para o meu maior desespero não sabia mais usar o banheiro, fiquei olhando pela porta e não sabia mais por onde começar, como isso era possível? Minha visão começou a ficar turva depois de algum tempo. Já não conseguia fazer nada sozinha, não realizava nenhum raciocínio básico".
Juliana, então, foi socorrida por amigas e familiares, que a levaram a um hospital em São Paulo.
"Na viagem o efeito do remédio para enxaqueca havia passado, a dor voltou muito mais forte.No hospital realizei alguns exames, administraram três medicamentos para a dor, sem sucesso, a dor continuou forte. Em poucas horas fui chamada para saber o resultado dos exames e na ressonância magnética foi diagnosticada trombose venosa cerebral".
No hospital, a jovem disse que foi perguntada pelo médico se fazia uso de anticoncepcional:
"Foi um choque, não consegui entender bem o que estava acontecendo, o médico me perguntou se eu tomava anticoncepcional, eu disse que sim, há cinco anos, e então ele disse que essa poderia ser a causa do problema".
Ela afirma que fazia uso da pílula YAZ, da Bayer, e que passou por três ginecologistas diferentes, e nenhum deles a alertou sobre o risco de trombose.
"Não tenho histórico familiar, não sou fumante, e os exames de sangue estavam normais, não tinha predisposição a ter trombose".
De acordo com a publicação, Juliana ficou internada três dias na UTI, além de um total de quinze dias na internação.
"Não sou contra o anticoncepcional, acredito que ele traga benefícios sim, mas sou contra a negligência de se receitar anticoncepcional indiscriminadamente sem informar adequadamente seus riscos, e da própria negligência de tomar um medicamento durante tantos anos sem desconfiar que poderia ser prejudicial e poder levar até mesmo a morte".
Ao ser procurada pelo R7, a farmacêutica Bayer, que produz o YAZ, informou por meio de nota que "de modo geral, os hormônios presentes no contraceptivo oral agem de forma positiva no organismo feminino, no entanto, é essencial que seja observado o perfil de cada paciente. Um estudo publicado na revista científica Expert Opinion (setembro/2008), demonstrou que o uso de pílulas anticoncepcionais por longos períodos diminui o risco de tumores de ovário, do endométrio (camada interna do útero) e colo-retal. O estudo foi baseado na revisão de aproximadamente 100 trabalhos científicos e concluiu que a pílula pode ser utilizada também no tratamento da endometriose (doença em que áreas do endométrio se implantam fora do útero), da menorragia (fluxo menstrual intenso) e de miomas uterinos".