RN quer aproveitar Exército para bloquear celulares nos presídios

"A criminalidade não passará, não triunfará. Tenho certeza que, de forma conjunta com o Estado, vamos resgatar a ordem", disse o ministro da Defesa Raul Jungmann

© Edson Lopes Jr./ GESP

Justiça Sinais 04/08/16 POR Noticias ao Minuto

O governo do Rio Grande do Norte quer aproveitar a chegada de 1.350 homens do Exército ao Estado, após onda de ataques desde sexta-feira (29), para instalar em todos os presídios potiguares bloqueadores de sinal de celular -em funcionamento, até o momento, em uma unidade.

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A medida foi anunciada pelo governador Robinson Faria (PSD) na manhã desta quinta-feira (4), durante entrevista coletiva com a presença do ministro Raul Jungman (Defesa). São 32 presídios no Estado. "A criminalidade não passará, não triunfará. Tenho certeza que, de forma conjunta com o Estado, vamos resgatar a ordem", disse Jungmann.

O sistema de bloqueio de celulares foi implantado na semana passada no presídio estadual de Parnamirim, e é o principal argumento do governo potiguar para explicar o ação de criminosos para incendiarem ônibus e atacarem bases policiais em Natal e cidades do interior.

Até a manhã desta quinta (4), haviam sido registradas 106 ocorrências em 33 cidades, e cem suspeitos de envolvimento haviam sido presos ou apreendidos -se adolescentes. Mesmo com a chegada do Exército, na madrugada desta quinta, detentos de Parnamirim fizeram uma rebelião e tentaram danificar os bloqueadores.

Apesar da sequência de atentados desde sexta-feira, o Exército chegou ao Estado somente na quarta-feira (3). O presidente interino Michel Temer (PMDB) já havia autorizado no fim de semana o envio de tropas, mas o Exército informou que o pedido foi feito oficialmente apenas na terça.

Procurado novamente nesta quinta, o Exército, via assessoria, informou que o intervalo entre a autorização de Temer e a efetiva chegada das tropas ocorreu porque "foi o prazo necessário para mobilizar e deslocar a tropa e que tudo ocorreu dentro do previsto".

O governador pediu ao ministro da Defesa para prorrogar a presença do Exército "por 30 dias ou até dois meses". "Que o senhor [Jungmann], com coração nordestino, pernambucano, nos ajude a cumprir nossa missão, de instalar esse sistema em todos os presídios", disse Faria. "Quem sabe o Rio Grande do Norte não possa servir de modelo para todo o Brasil?"

O ministro adiantou, no entanto, que a decisão cabe ao presidente em exercício, Michel Temer, e terá de ser avaliada.

A expectativa é que ao final da primeira etapa da operação -o que deve ocorrer em 16 de agosto -os governos estadual e federal avaliem o quadro e definam se a prorrogação é necessária.

A partir de hoje, 1.350 militares já estão em campo em Natal e região metropolitana, o que deve liberar a polícia estadual para se deslocar para periferias e cidades do interior.

Além do efetivo já deslocado, outros 524 homens estão de prontidão no Ceará e poderão ser acionados, se houver necessidade de mais reforço.

As atribuições das tropas, que começaram a chegar às ruas na noite de ontem, são fazer prisões em flagrante e patrulhamento nas principais vias de acesso ao centro, bancos, rodovias e no eixo turístico.

Na opinião de Jungmann, para evitar ações como essas em outras capitais, a solução seria a União editar uma lei que libere a instalação dos bloqueadores em todos os Estados, uma vez que o Supremo Tribunal Federal entendeu como inconstitucionais leis que serviam de base para os bloqueios. Ele também informou que a Agência Nacional de Telecomunicações estuda uma solução para o caso.O custo do aluguel do bloqueador de celular é de R$ 29 mil, "Temos planejamento [financeiro] para fazer nas demais", afirmou o governador.

Questionado, o governador minimizou as consequências da rebelião em Parnamirim. "Foi mais uma tentativa de intimidação. É natural que aconteça. O Estado não vai recuar".

Para o general Sérgio Westphalen Etchegoyen, os atentados "são promovidos pela criminalidade comum", sem qualquer relação com terrorismo. "Estamos pegando neurose de terrorismo. Não podemos misturar as coisas". Com informações da Folhapress.

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