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Os adversários do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) criticaram a data agendada pelo sucessor, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para votar a cassação do peemedebista, em 12 de setembro. A 20 dias das eleições, acham difícil reunir quórum suficiente para deliberar o assunto.
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Por isso, além de tentar adiantar a análise do afastamento definitivo do ex-presidente, farão uma cobrança cerrada sobre Maia, a quem, dizem, culparão se não houver presença em massa de deputados no plenário. Para Cunha perder o mandato de deputado, são necessários os votos de, pelo menos, 257 dos 512 colegas.
Nesse sentido, o líder da Rede, deputado Alessandro Molon (RJ), afirmou que pretende apresentar, na próxima sessão que a Câmara tiver, um requerimento para tentar antecipar a votação da cassação de Cunha.
A expectativa é que a Casa não tenha sessões na próxima semana, devido ao calendário eleitoral, e que os trabalhos sejam retomados na semana de 22 de agosto.
"Nosso objetivo é, já na primeira sessão, apresentar um requerimento para votar no dia seguinte. É inaceitável [a data] 12 de setembro, menos de 20 dias antes das eleições, pode não ter quórum", disse.
"É uma data que tem tudo para não dar certo, seja porque é uma segunda-feira [quando, tradicionalmente, não há quórum no Congresso], seja pela proximidade com a eleição. Parece que a Casa não quer cassar".
O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) chamou a data escolhida por Maia para a votação de "nebulosa".
"Por que ele não explica as reais pressões, às quais ele cedeu?". Alencar também criticou líderes partidários que foram omissos em pressionar por uma votação célere. "Voltou à etapa do cafuné no Cunha".
Júlio Delgado (PSB-MG) também não gostou da data e afirmou que, agora, cabe ao presidente da Casa, Rodrigo Maia, garantir a presença de deputados. "O ônus da presença fica com o presidente. Ele será cobrado disso".
O deputado por Minas lembrou que o assunto, após ser lido no plenário na última segunda (8), passou a ser o primeiro item da pauta, prioritário. Embora não impeça outras votações, para que outros itens sejam apreciados é necessário aprovar uma inversão de pauta.
"Vamos trabalhar para rejeitar a inversão", explicou Delgado.
Mesmo já não exercendo suas funções de deputado federal desde 5 de maio, quando foi afastado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), o peemedebista continua recebendo regalias de parlamentar -salário, verba indenizatória e direito a uso de imóvel funcional, para onde mudou após deixar a residência oficial da Presidência da Casa.
DEFENSORES
Enquanto adversários criticam a decisão de dar mais um mês de sobrevida a Cunha, antigos aliados do ex-presidente defendem ampliar ainda mais esse prazo.
Concordam, contudo, na pouca probabilidade de haver deputados suficientes em Brasília em 12 de setembro.
"Estamos cada um no seu estado cuidado de eleições. É um período em que a Casa não tem controle sobre a frequência dos parlamentares", alegou o líder do PTB, Jovair Arantes (GO).
O mesmo defende Paulinho da Força (SD-SP), um dos "cunhistas" mais atuantes na Casa. Ele, inclusive, ironiza: "Não somos nós que vamos lutar para não votar no dia 12 [de setembro]. Os próprios que querem ver Cunha cassado não vão querer votar quando virem que não haverá quórum".
Além de deixar a votação para setembro, Maia também a agendou para uma segunda-feira, tradicionalmente com baixa frequência na Casa. Essa será a primeira vez que um parlamentar terá a cassação julgada nesse dia da semana.
Todas as demais votações ocorreram em terças ou quartas-feiras. Com informações da Folhapress.