© REUTERS/Michael Samojeden
A maioria dos russos desconhece a tentativa de golpe que começou no dia 19 de agosto de 1991 e que, em três dias, tentou afastar do poder o então presidente Mikhail Gorbachev, resultando na inevitável desintegração da União Soviética (URSS).
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Conhecido como "Golpe de Agosto", o fim do bloco ocorreu quando um grupo de membros do Partido Comunista da União Soviética (PCUS) consideravam que o programa de reformas do Gorbachev, batizados como Perestroika (reestruturação econômica) e Glásnost (transparência política) haviam ido longe demais.
Este acontecimento tornou-se um marco na história contemporânea.
"È a maior catástrofe geopolítica do século 20", afirmou o atual presidente russo Vladimir Putin.
No entanto, esse é um fato que está desaparecendo da memória da Rússia de hoje, segundo pesquisa realizada pela imprensa local.
Cerca de 48% dos entrevistados não se recordam dos fatos daqueles dias "tempestuosos". Entre os jovens de 18 e 24 anos, 90% disseram que jamais ouviram falar do fracassado golpe.
Naquele verão, há 25 anos, o Gorbachev e o secretário geral do PCUS estavam por firmar um novo tratado que pretendia renovar a União Soviética. A ideia era criar uma confederação de estados soberanos, após uma complicada negociação com as repúblicas soviéticas.
Em 19 de agosto de 1991, sob as ordens de altos membros do partido (conhecidos como "Gangue dos Oito") que se opunham à novidade, aconteceu a tentativa de golpe.
Enquanto caminhões armados transitavam pelas ruas de Moscou, Gorbachev foi isolado em sua casa de verão na Crimeia e declarado totalmente "incapaz" de desenvolver suas funções.
No entanto, os planos dos golpistas falharam graças às impressionantes manifestações públicas que foram contra o ato, a recusa das Forças Armadas em disparar contra os manifestantes e o papel desempenhado pelo então presidente da República Federativa Socialista Soviética da Rússia, Boris Yeltsin, que dois meses antes tornou-se o primeiro líder da história do país eleito por voto popular e que rapidamente começou a liderar a resistência.
A imagem de Yeltsin dirigindo um discurso a multidão em um carro armado tornou-se histórica. Enquanto a imprensa russa não deu importância, pois considerava "pouco relevante", a foto foi capa dos principais jornais do mundo inteiro.
Em 24 de agosto, Gorbachev renunciou ao cargo de secretário geral do Partido Comunista, e no dia 25, Yeltsin nacionalizou todas as propriedades russas do PCUS.
Não passou muito tempo até que a União Soviética se pulverizou e de suas cinzas surgiu a Federação Russa.
"Esses fatos foram relevantes para a atualidade por ser percebido como o nascimento de uma nova Rússia. Mas, as poucos, por ser um país jovem tornou-se uma espécie de vergonha. Para os russos, os acontecimentos "pesados" do século 20 são a Segunda Guerra Mundial e a viagem de Yuri Gagarin, primeiro astronauta a ir ao espaço. O resto começa a desaparecer da memória como histórias de amor mesquinhas", analisou o cientista político russo Mikhail Vinogvotov.
Desta forma, apenas 7% dos russos lembram do fracassado golpe de Estado, há 25 anos, como um "acontecimento importante" na história da Rússia. (ANSA)