© Roberto Stuckert Filho/PR
A ex-presidente Dilma Rousseff fez pronunciamento na tarde desta quarta-feira (31), após votação no Senado que consolidou seu afastamento definitivo da presidência da República.
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Na companhia do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de parlamentares aliados e de lideranças de movimentos sociais, Dilma falou no Palácio do Planalto.
"Hoje, o Senado tomou uma decisão que entra para a história das grandes injustiças", iniciou o discurso. "Os senadores que votaram pelo impeachment escolheram rasgar a Constituição Federal. Condenaram uma inocente e consumaram um golpe parlamentar", disse.
A presidente relembrou sua militância durante a ditadura militar. "É o segundo golpe de estado que enfrento na vida. O primeiro, o golpe militar, apoiado na truculência das armas, da repressão e da tortura, me atingiu quando era uma jovem militante", disse. "O segundo, o golpe parlamentar desfechado hoje por meio de uma farsa jurídica, me derruba do cargo para o qual fui eleita pelo povo".
"Causa espanto que a maior ação contra a corrupção da nossa história leve justamente ao poder um grupo de corruptos investigados", disse. Ela atribuiu motivações misóginas, racistas e homofóbicas ao impeachment, que classifica como golpe de Estado. "Não gostaria de estar no lugar dos que se julgam vencedores. A história será implacável com eles", declarou.
Neste momento, não direi adeus a vocês. Tenho certeza de que posso dizer "até daqui a pouco".
Por fim, a ex-presidente citou o poeta russo Maiakovski: "Não estamos alegres, é certo. Mas também por que razão haveríamos de ficar tristes? O mar da história é agitado. As ameaças e as guerras, haveremos de atravessá-las, Rompê-las ao meio, Cortando-as como uma quilha corta".
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