© Adriano Machado/Reuters
O jornal norte-americano The New York Times dedicou um editorial nesta quinta-feira, 1º, para comentar o impeachment de Dilma Rousseff. O jornal recomenda que o presidente Michel Temer permita que as investigações sobre corrupção continuem e, mesmo com a necessidade de "cortes dolorosos" no País, seja cuidadoso ao repensar os programas sociais criados pelo PT e que levaram Dilma ao poder.
PUB
"Há passos concretos que o governo pode dar para começar a restaurar a fé dos brasileiros em sua elite política assolada por escândalos", ressalta o editorial, citando que Temer não deve atrapalhar as investigações sobre corrupção e deve rejeitar projetos que enfraqueçam os procuradores.
O NYT destaca que desde que Temer assumiu o cargo, em maio, a economia do Brasil "melhorou modestamente" em meio às expectativas do mercado por reformas, incluindo privatizações, e uma agenda de ajuste fiscal.
"Enquanto o equilíbrio do orçamento vai exigir cortes dolorosos, Temer deve ser judicioso ao reescalonar os programas sociais que deram popularidade ao Partido dos Trabalhadores", afirma o editorial. "Até que os brasileiros possam eleger um novo presidente em 2018, ele poderia honrar o processo democrático do País ao permanecer razoavelmente fiel em direção à plataforma que eles endossaram."
Dilma Rousseff, destaca o editorial, classificou sua saída de golpe de seus opositores e o texto cita uma declaração da dirigente em que diz que uma "poderosa força conservadora e reacionária" está interrompendo o processo democrático no País. "Será uma vergonha se a história provar que ela está certa", afirma o texto.
O NYT ressalta, porém, que os eventos que provocaram a queda de Dilma "são mais complexos do que ela admite". O jornal destaca que a popularidade da presidente despencou com a recessão na economia e a dirigente não conseguiu criar uma coalização para governar.
O NYT menciona ainda que quando as investigações sobre corrupção chegaram ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma "abusou de sua autoridade" nomeando ele como ministro com o objetivo de proteger o ex-dirigente de um processo.
O editorial destaca também que Dilma prometeu seguir lutando contra seus opositores e que a saída da presidente de cena marca o fim de 13 anos de uma "política transformadora" do PT, que reduziu a pobreza do País, colocando milhões na classe média, mas perdeu o apoio com a crise econômica.