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A massa falida do banco BVA propôs nesta semana aos credores que seja feita uma cisão da carteira de crédito inadimplente da instituição. O objetivo é vender imediatamente a carteira para tentar evitar que o ativo se desvalorize ainda mais, já que o banco está em processo de falência há três anos. Hoje, a carteira está avaliada em pouco menos de 10% de seu valor total de R$ 2,8 bilhões, mas não pode ser vendida por causa de uma discussão judicial com o grupo Caoa, um dos maiores revendedores de carros do País.
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A proposta que está na mesa é a de reduzir em R$ 500 milhões a carteira a ser vendida, justamente o valor que está em discussão judicial com o Caoa. Assim, ficaria mais fácil encontrar compradores. Mas mesmo com a venda da carteira, a expectativa de recebimento dos credores é baixa.
No total do passivo do banco, excluindo o dinheiro dos sócios e executivos da instituição, o rombo deixado pelo BVA foi de R$ 3 bilhões. Com a venda de imóveis e da carteira de crédito, a estimativa é que a massa falida recupere não mais do que 20% de seu passivo e, mesmo assim, parte do valor arrecadado não pode ser distribuída entre os credores, já que o banco precisa garantir outros casos de restituição que estão em discussão na Justiça.
O administrador judicial do BVA, Eduardo Seixas, da consultoria Alvarez & Marsal, diz que o caixa hoje do banco é de R$ 180 milhões e os pedidos de restituição somam R$ 100 milhões. Ele conta que, por esse motivo, não foi feita ainda nenhuma distribuição de recursos. No dia 03 de outubro, a leiloeira Superbid faz uma nova rodada de venda de imóveis que, se vendidos em sua totalidade, podem render outros R$ 180 milhões à massa falida.
Entre os maiores credores do BVA está o Fundo Garantidor de Crédito, que tem R$ 1,3 bilhão a receber. Esse foi o total pago pela garantia de R$ 250 mil dada pelo fundo a cada investidor. Além disso, o FGC tem outros R$ 390 milhões em discussão, referentes aos recursos repassados pelo fundo na fase anterior à liquidação do banco quando ainda se tentava salvar a instituição financeira.
A linha de crédito foi dada para dar liquidez ao banco e, em garantia, o FGC tomou R$ 1,3 bilhão da carteira de crédito total. Esse valor foi renegociado e o FGC aceitou ficar com R$ 470 milhões da carteira de crédito, deixando os R$ 2,8 bilhões para a massa falida. Mas o acordo foi questionado na Justiça pelo grupo Caoa. O caso já foi analisado pelo Tribunal de Justiça e o acordo foi extinto. O caso está em recurso, mas pode afetar também a capacidade de recuperação de crédito da instituição.
Além disso, o Caoa também faz parte de um processo judicial em que a massa falida tenta anular transferências de carteiras de crédito feitas no dia em que o BVA sofreu intervenção. O caso, segundo o administrador judicial, representa R$ 500 milhões e foi vencido em primeira instância. O Caoa não havia dado retorno, mas a empresa recorreu da decisão ao Tribunal e, justamente por isso, ficou travada a venda da carteira de crédito inadimplente do banco.
A proposta de cisão precisará ser analisada pelos credores e pelo juiz da falência. Segundo alguns credores, a proposta tende a ser aprovada, mas precisa ser negociada com o FGC. De qualquer forma, dizem os credores, quanto mais se demorar a vender, mais a carteira perde valor. "Hoje vale 10%. No ano que vem será 5%, porque fica cada dia mais difícil recuperar esses créditos podres", afirmou um dos credores. Com informações do Estadão Conteúdo.