'É o nosso pior pesadelo', diz comitê sobre acidente com para-atleta

O iraniano perdeu o controle de sua bicicleta em uma descida em curva, bateu em uma mureta e caiu por cima dela, sofrendo traumatismo craniano

© Reuters

Esporte CICLISMO 18/09/16 POR Folhapress

O acidente que matou durante uma prova de ciclismo da Paraolimpíada do Rio um atleta de 48 anos neste sábado (17) fez o Comitê Paralímpico Internacional (CPI) passar pelo pior momento de sua história de 27 anos.

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"É um dia trágico para o Movimento Paraolímpico. Vivemos nosso pior pesadelo. É com profundo pesar que o CPI confirma a morte de Bahman Golbarnezhad depois de um acidente na prova de ciclismo de estrada", afirmou o britânico Craig Spence, chefe de mídia do comitê.

O iraniano perdeu o controle de sua bicicleta em uma descida em curva na Estada da Guanabara (zona oeste da cidade), bateu em uma mureta e caiu por cima dela, sofrendo traumatismo craniano. Golbarnezhad teve a perna amputada na guerra do Irã contra o Iraque, nos anos 1980, conforme relato de seu compatriota Hashem Rastegarimobin, do futebol de 7.

Sua morte, conforme antecipou a Folha, é a primeira de um esportista durante uma edição dos Jogos Paraolímpicos (de Verão ou de Inverno). O CPI confirmou essa informação em entrevista, à noite, convocada às pressas para expor o que já era sabido sobre o acidente.

Por 40 minutos, na sala de imprensa do Estádio Aquático, no Parque Olímpico da Barra, Spence e mais seis membros da família paraolímpica sentaram-se à frente de dezenas de jornalistas para comentar o ocorrido e responder a perguntas.Eram eles: Philip Craven, presidente do CPI, Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Organizador Rio 2016, Mario Andrada, diretor de comunicação do comitê Rio-16, João Grangeiro, médico-chefe dos Jogos, Piers Jones, diretor de esportes da UCI (União Ciclística Internacional) e Masoud Ashrafi, secretário-geral do Comitê Paralímpico Iraniano.

Todos mostravam-se abalados com o ocorrido, especialmente Nuzman, Andrada, Craven, Spence e Jones. "Meu coração não está totalmente destruído, ou eu não estaria aqui, mas ele está perto de estar totalmente destruído", declarou Craven, que é cadeirante e preside o CPI desde 2001. "Acidentes acontecem, mas espero que essa seja a primeira e a última morte nos Jogos Paraolímpicos."

O fato tende a manchar uma Paraolímpíada que vinha tendo uma imagem positiva, com boa presença de público e quase duas centenas de recordes mundiais, apesar de o Brasil ter ficado longe de cumprir a meta estabelecida pelo Comitê Paralímpico Brasileiro de ficar entre os cinco primeiros no quadro de medalhas, pelo número de ouros -terminou o sábado em oitavo lugar.

Ashrafi, do comitê iraniano, disse ter feito dois pedidos aos organizadores: a liberação do corpo de Golbarnezhad para embarque para o Irã, a fim de que fique aos cuidados da família dele (era casado e tinha um filho), "para que isso possa confortá-los", e a entrega de um laudo, "para sabermos os detalhes da ocorrência".

O acidente será, segundo Andrada, investigado pela polícia do Rio e pelo comitê Rio-16, o CPI e a UCI. "Haverá uma investigação e a UCI produzirá um relatório junto com outras autoridades, então avaliaremos o que pode ser feito para o futuro [a respeito de segurança nas corridas]", afirmou Craven.

"A prova ocorreu em um circuito competitivo e com as condições adequadas. Não havia objetos na pista. Os circuitos são feitos de modo a assegurar o máximo de segurança aos competidores", disse Jones, da UCI, que é a entidade máxima do ciclismo. "Estamos coletando informações com quem participou da prova, creio que as repostas virão em alguns dias."

Andrada, do comitê organizador, informou o horário do acidente, 10h35, e a hora da declaração do óbito, 12h30, após ter dado entrada no hospital.Nesse meio-tempo, de acordo com o executivo, Golbarnezhad foi socorrido com rapidez, tanto que às 10h45 estava em uma ambulância. No trajeto até o hospital, teve momentos de agitação, sonolência e letargia. "Suas condições se deterioraram e ele teve uma parada cardíaca", afirmou Andrada.

Para o médico dos Jogos, os procedimentos de atendimento foram feitos de modo adequado. "O atleta foi atendido no momento correto e levado à ambulância, que conta com condições que obedecem aos padrões internacionais", disse Grangeiro.Neste domingo (18), último dia dos Jogos do Rio, a bandeira do Irã ficará a meio pau na Vila Paraolímpica, onde se hospedam os atletas.

A cerimônia de encerramento será realizada a partir das 20h, no Maracanã. Nela, haverá um minuto de silêncio em homenagem a Golbarnezhad.

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