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Os países membros da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) e a Rússia precisam revolver alguns problemas fundamentais antes de fecharem um acordo para limitar a produção de petróleo, e enxergam a reunião marcada para esta semana como uma forma de iniciar conversas, mas sem chegar a um acordo global, segundo os ministros de energia dos países.
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O ministro do Petróleo da Argélia, Nourredine Bouterfa, disse que ainda há uma chance de que um acordo possa ser selado esta semana, quando os membros da Opep se reúnem durante uma conferência que acontecerá na Argélia.
Mas Bouterfa, um dos maiores defensores de novos limites de produção dentro da Opep, reconheceu que a reunião pode produzir apenas "os elementos de um acordo". "Não podemos sair de mãos vazias", disse o ministro argelino, alertando que os preços do petróleo podem cair do patamar atual de US$ 45 o barril para cerca de US$ 30 se a Opep não conseguir chegar a um acordo.
Os comentários de Bouterfa neste domingo sinalizam que, mesmo se a Opep não conseguir chegar a um acordo nesta semana, a associação de 14 nações continuará conversando sobre redução da produção nos próximos meses, antes da próxima reunião oficial da Opep marcada para o dia 30 de novembro, em Viena. O Secretário Geral da organização, Mohammad Barkindo, disse na semana passada que a reunião serviria apenas para realizar consultas, mas que não haveria uma decisão. Posteriormente, ele esclareceu que os países poderiam chegar a um acordo, se houver um consenso.
Os delegados da Opep disseram que a reunião de Argel destina-se a iniciar discussões, com a esperança que elas levem a um acordo na reunião formal em Viena.
A Opep, cujos membros controlam mais de um terço da produção de petróleo do mundo, e outros grandes produtores globais têm realizado esforços para reagir às quedas recentes nos preços da commodity. Esta desvalorização foi causada por um aumento na produção nos Estados Unidos a partir de formações de xisto. A Arábia Saudita, considerada como líder de fato da Opep, tem registrado níveis recordes de produção, na direção contrária à solução de cortar a produção.
Em entrevista, o ministro do Petróleo da Nigéria, Emmanuel Ibe Kachikwu, disse que apoia um congelamento da produção, mas que a Arábia Saudita tem razões "muito fortes" para aumentar a sua produção. Com produtores americanos capazes de aumentar sua capacidade rapidamente quando os preços sobem, "mesmo que tenhamos um congelamento, que diferença isso faz?", disse Kachikwu.
"Alguém vai simplesmente entrar e assumir essa participação de mercado", disse ele. "Também é questionável se no final do processo esse congelamento de produção vai surtir o efeito que nós esperamos."
Kachikwu disse que seu país não poderia congelar a sua produção agora, porque militantes do Delta do Níger têm sabotado seus gasodutos, com impactos na saída do produto. Ele disse que a Nigéria precisaria ser dispensada do congelamento. Outros países, como Irã e Líbia, também pedem isenções do congelamento até que suas produções voltem ao normal.
Um esforço semelhante para chegar a um acordo sobre a produção falhou em abril, em Doha, no Catar, depois da Arábia Saudita exigir que o Irã aderisse ao acerto. O Irã tenta elevar sua produção para quatro milhões de barris por dia, após o fim das sanções ocidentais que prejudicaram sua indústria de petróleo por mais de três anos. Para Bouterfa, o Irã apresenta um "problema mais específico".
O ministro argelino afirma que o encontro informal desta semana pode rapidamente se transformar em uma reunião formal de cúpula da Opep. Muitos acreditam que isso é improvável, mas Bouterfa ressalta que é necessária uma decisão rápida.
Os membros da Opep estão perdendo entre US$ 300 milhões a US$ 500 milhões por dia com os preços baixos do petróleo, segundo o ministro. Os preços baixos prejudicaram os investimentos da indústria petrolífera, o que poderia levar à escassez e consequentemente à uma elevação nos preços. Fonte: Dow Jones Newswires.