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Perdas de funções motoras, cognitivas e psicossociais são algumas das consequências de um acidente vascular cerebral (AVC) e, quando não tratadas devidamente, elas podem ser agravadas. Apesar de ser um problema que pode ser evitado em 90% dos casos, o Dr. Rubens Gagliardi, diretor científico da Academia Brasileira de Neurologia, assegura que é possível ter uma boa qualidade de vida após ser acometido por este problema.
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“Geralmente, o AVC é mais comum em indivíduos com histórico familiar da doença, uma vez que a maioria dos fatores de risco, como hipertensão, obesidade, diabetes,distúrbio do colesterol, dentre outros, é de cunho genético. Aspectos ambientais e culturais ligados às características familiares também podem induzir ao seu desenvolvimento. Somadas, estas duas vertentes respondem por uma altaprevalência”, afirma o neurologista.
Gagliardi ressalta que é fundamental conhecer os sintomas, pois o quanto antes iniciar o tratamento, melhores as chances de sobrevida e da redução de sequelas. Paralisia de um lado do corpo e fraqueza são alguns dos sinais. “O paciente não consegue levantar o braço, a perna, e nem mesmo andar. Pode, também, ocorrer um desvio na boca, perda de visão completa ou parcial, dores de cabeça, tontura forte e dificuldades para elaborar palavras e se expressar”, explica.
Sobre o socorro ao paciente, é fundamental prestar socorro em até quatro horas, para que as funções vitais tenham uma recuperação absoluta. Quando o doente chega tardiamente ao hospital, as possíveis alternativas de tratamento são antiagregação, anticoagulação e antidematoso cerebral. No entanto, nenhuma delas tem o mesmo grau de eficácia do que um atendimento imediato.
Reabilitação
A chance de um AVC se repetir é grande, por isso se o indivíduo não fez controles antes da instalação do quadro, deve ser encaminhado para rígidos cuidados de prevenção. “Não existe um tempo estipulado para reabilitação, pois isso varia de acordo com o paciente. O ideal é começar uma reabilitação profissional ainda no período de internação hospitalar até o paciente se recuperar completamente – o que normalmente ocorre em 30% dos casos”, ressalta Dr. Rubens.
O neurologista esclarece que é preciso seguir um acompanhamento neurológico, que estipule as suas condições clínicas e risco cerebrovascular, recomendando então, sono de boa qualidade, não fumar e prática de atividade física. Nos casos em que o paciente apresente dificuldades de ingestão, alimentos líquidos ou consistentes cedem lugar às texturas mais pastosas; eventualmente, é necessário passar uma sonda enteral ou fazer gastrostomia. Quando há perda da capacidade de comunicação, a fonoterapia possibilita a reabilitação da linguagem.
“Quem sofreu um AVC pode ter de conviver com sequelas, mas isso não defasa totalmente a qualidade de vida, uma vez que é possível ter reabilitação, reestruturação física e recuperação de contato social. Um tratamento multidisciplinar é essencial para se atingir resultados mais efetivos. O apoio da família é fundamental neste processo, assim como é fundamental a prevenção”, conclui.
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