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A ABI (Associação Brasileira de Imprensa) divulgou nesta quarta (5), uma nota de repúdio às declarações do desembargador Ivan Sartori, sobre a cobertura jornalística do julgamento do Carandiru. Sartori sugeriu na terça (4), em um post em uma rede social, que a imprensa paulista recebe dinheiro do crime organizado.
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O desembargador é um dos responsáveis pela anulação do júri que condenou os policiais militares envolvidos no massacre do presídio em 1992.
Em nota, a ABI afirmou que considera a insinuação insultuosa, e que a imprensa limitou-se a comunicar o fato à opinião pública sem se imiscuir nas particularidades dos autos.
O comunicado ainda manifesta a perplexidade do órgão diante do que chamou de "inexplicável lentidão" no julgamento do processo. O assassinato de 111 detentos do presídio completou 24 anos este mês de outubro. Até agora, nenhum dos envolvidos foi preso.
"A ABI espera que o Tribunal de Justiça não eternize o julgamento dos acusados diante do sofrimento das famílias das vítimas", diz a nota.
JULGAMENTO
No último dia 27, o Tribunal de Justiça anulou o julgamento que havia condenado 74 policiais militares pelo massacre.
Como foi o massacre do Carandiru
Sartori presidiu a sessão. Além de votar pela anulação do júri, o desembargador ainda pediu a absolvição dos réus, sem necessidade de novo júri. Ele afirmou que "não houve massacre no Carandiru, mas sim legítima defesa [por parte dos PMs]".
O voto foi vencido -os outros dois desembargadores, Edison Brandão e Camilo Léllis, votaram pela anulação, não pela absolvição. Mas ainda há chances de prevalecer -dois outros desembargadores opinarão sobre a questão.
Sartori já ocupou o cargo de presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo entre 2012 e 2013.
Leia na íntegra
A Associação Brasileira de Imprensa considera insultuosa a insinuação do Desembargador Ivan Sartori do Tribunal de Justiça de São Paulo ao afirmar que os veículos de comunicação teriam recebido dinheiro do crime organizado para produzir noticiário tendencioso sobre a anulação dos julgamentos dos acusados da chamada Chacina do Carandiru.
Ao registrar a decisão do Tribunal em procrastinar o desfecho do episódio que provocou a morte de 111 presos da antiga Casa de Detenção a imprensa limitou-se apenas em comunicar o fato à opinião pública sem se imiscuir nas particularidades dos autos do processo.
A ABI manifestou também, sua perplexidade diante da inexplicável lentidão em apreciar a responsabilidade dos envolvidos. Não se explica, nos dias de hoje, tamanha leniência em julgar os acusados.
Não se admite também que a Justiça de São Paulo tenha levado 24 anos para apreciar e julgar as peças desse processo.
Em 1924, durante o levante da antiga Força Pública, foram ouvidas na capital paulista 2.217 pessoas de diferentes nacionalidades e instaurados 1.693 inquéritos no prazo de seis meses. O Ministério Público Militar acolheu o relatório policial e ofereceu a denuncia em pouco mais de quarenta dias.
A ABI espera que o Tribunal de Justiça não eternize o julgamento dos acusados diante do sofrimento das famílias das vítimas. Com informações da Folhapress.