Aprovação da PEC não muda investimentos, dizem analistas

Segundo eles, o ajuste no mix de aplicações em renda fixa e ações ocorreu no início do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff mirando os próximos anos

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Economia teto de gastos 11/10/16 POR Folhapress

A aprovação da proposta que limita o teto de gastos públicos, na última segunda-feira (10), mostra a força do governo para aprovação de medidas impopulares de ajuste fiscal, mas não altera a recomendação para investimentos, afirmam especialistas do mercado financeiro.

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Segundo eles, o ajuste no mix de aplicações em renda fixa (como títulos públicos) e ações ocorreu no início do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff mirando os próximos anos.

Naquela época, gestores e estrategistas passaram a recomendar que uma parcela de investimentos em renda fixa migrasse para papéis prefixados e que investidores dispostos a correr risco maior aumentassem as aplicações em Bolsa, mirando a perspectiva de recuperação da economia em 2017.

Assim, seria possível tirar maior proveito do cenário de Ibovespa em alta e da tendência de queda nas taxas de juros."Não muda o cenário de investimento. As condições de melhora estão por vir", diz Raphael Figueiredo, da Clear Corretora.

"Por ora, o mercado vira mais uma página de incertezas. Isso que aconteceu ontem sugere um pouco mais de otimismo para o "kit Brasil", que é de Bolsa para cima, juros para baixo e câmbio de lado", reforça Rodrigo Marcatti, diretor do private banking do Banco Fator.

Os votos favoráveis de 366 deputados foram "emblemáticos" porque se aproximam da votação do impeachment, o que é uma primeira sinalização positiva do governo Temer, de acordo com Celson Plácido, estrategista-chefe da XP. O próximo passo, defendem os especialistas, é o fim da votação da PEC na Câmara (propostas de emenda constitucional precisam ser aprovadas em dois turnos) e no Senado, e votação da reforma da Previdência até o final do primeiro semestre de 2017.

O governo Temer deve apresentar a proposta de mudanças no INSS após o segundo turno das eleições municipais.As medidas de ajuste fiscal, como são o teto de gastos e as mudanças na Previdência, já foram citadas pelo Banco Central como condição para o início da queda da taxa básica de juros da economia (Selic), hoje em 14,25% ao ano. A outra é a retração da inflação, que em setembro ficou no menor patamar para setembro desde 1998.

A expectativa do mercado é de que a taxa básica recue para 13,75% ao final deste ano e que possa cair para 11% ao final de 2017, segundo projeções dos economistas ouvidos pelo Banco Central no Boletim Focus.Marcatti espera queda mais acentuada neste ano, para 13,50% ou até 13,25%. E para o próximo ano, se a economia demorar a reagir, os juros poderiam ir para abaixo de 11%.

INVESTIMENTOS

Investidores de perfil conservador devem manter investimentos em renda fixa pós-fixada porque isso elimina o risco da chamada marcação a mercado, que pode fazer o poupador perder dinheiro se precisar vender o papel antes do vencimento, segundo recomendação do Banco Fator.

Para quem tem certeza que não precisará do dinheiro pelo prazo do título, é possível migrar para papéis com taxas prefixadas e garantir a remuneração do investimento nos juros atuais."O juro real ainda é alto. Hoje é possível contratar um CDB prefixado que rende 14% ao ano. A perspectiva para inflação em 2017 é de 5%. Isso significa juro real de 9%", diz Celson Plácido, estrategista-chefe da XP.Já nos títulos públicos, o Tesouro IPCA ainda paga rendimento real acima de 5% ao ano.

Hoje o Tesouro Prefixado remunera 11% ao ano, uma taxa baixa comparada com as demais opções do mercado.Na renda variável, Plácido lembra que, ao ajustar os investimentos para uma mudança de governo, a corretora colocou na carteira recomendada bancos, empresas ligadas ao governo (como Petrobras, Banco do Brasil e Eletrobras) e companhias do setor infraestruturas, que podem se beneficiar nos leilões de concessão.

No entanto, aplicações em renda variável só são recomendadas a investidores dispostos a correr risco. E mesmo nesses casos, no máximo 50% dos recursos devem ser aplicados em ações ou fundos multimercados, de acordo com o Fator. Com informações da Folhapress.

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