© Foto: José Cruz/Agência Brasil
PUB
Saúde e educação estavam no topo das preocupações dos eleitores nestas eleições. A conclusão não é de nenhuma pesquisa de opinião, mas baseada na lista dos quase 58 mil vereadores eleitos no primeiro turno.
Ao todo, 390 vereadores se elegeram com "saúde" no nome; "farmácia" foi usado por 282. Na lista ainda constam 257 eleitos como "enfermeiro" ou "enfermeira" e 159 com "ambulância".
A liderança, porém, é dos mestres: foram 1.396 "professores" ou "professoras", incluindo abreviações.
Na lista figuram ainda tratamentos religiosos, como "irmã/irmão" (319), "pastor" (214) e "bispo" (27), patentes militares como "sargento" (94), "cabo" (54) e "soldado" (25), e indicativos do campo profissional como "sindicato" (209), "posto" (114), "táxi/taxista" (111) ou "bar" (109).
TIRO NO PÉ
Jorge Magalhães, mais conhecido como Jorge da Farmácia (PDT), foi reeleito vereador em Ponta Grossa (PR). Magalhães adotou a alcunha em referência a um estabelecimento de que era dono. O local, única farmácia de um bairro afastado, era conhecido como "Farmácia do Jorge".
Formado em administração de empresas, o vereador vendeu a farmácia em 2013, mas mantém o apelido. Sua mulher, essa sim farmacêutica, continua trabalhando no local. "Se eu mexer nesse nome hoje, vou estar dando um tiro no pé", diz.
Ele até cogitou uma mudança para concorrer em 2016: ao discutir a campanha com aliados, ouviu de um deputado estadual a sugestão de que se tornasse o Jorge "da Saúde" -a segunda alcunha mais comum entre os eleitos.
O vereador, porém, achou o apelido muito pretensioso. "Deixar o nome como 'da saúde' é muito pesado, ainda mais porque não sou médico, fisioterapeuta, sou administrador", diz.
"Numa cidade em que a saúde é muito ruim, a gente não pode arriscar decepcionar as pessoas com um nome desses."
Na cidade de Cosmópolis (SP), 3 dos 12 vereadores eleitos são conhecidos por sua ligação com esse tipo de estabelecimento: Zezinho da Farmácia (PV), Elcio da Farmácia (PMDB) e Renato da Farmácia (PTN).
O levantamento foi feito na base de dados da Justiça Eleitoral, atualizada na noite de segunda-feira (10). Processos sobre a situação das candidaturas ainda podem alterar a lista.
Entre os apelidos derivados de nomes próprios, os mais comuns são "Chico", escolhido por 313 vereadores eleitos, seguido de "Paulinho" (285), "Toninho" (199), "Carlinhos" (184) e "Nego" (157).
JOÃO DA BANHA
Ao todo, 146 vereadores eleitos usaram o espaço máximo que tinham à disposição para exibir seus nomes nas urnas.
Alguns juntaram os nomes com apelidos ou locais pelos quais são conhecidos, como "Marcão da Academia ao Ar Livre", eleito em São José dos Campos (SP) pelo PTB, ou "Lelis Pereira da Casa de Ração", vencedor em Aparecida de Goiânia (GO) pelo DEM.
Outros explicitaram parentesco com pessoas conhecidas na cidade, como "Rodrigo Filho do João do Banco", eleito em São João del Rei (MG) pelo PDT, ou "Titi Filho do Luiz da Auto Escola", eleito em Pirangi (SP) pelo PSDB, ou ainda "Renata Filha do João da Banha", eleita em Portelândia (GO) pelo PMDB.
Teve até quem conseguiu apertar, no mesmo espaço, o apelido com o parentesco, como o "Valdeci da Van Filho do Moreno", eleito em Capão Bonito (SP) pelo PP, ou a "Nena Irmã do Toinho do Empréstimo", eleita em Araçagi (PB) pelo PR.
Na outra ponta, 105 vereadores eleitos exibiram somente apelidos curtos nas urnas, como "Dé", "Du" ou "Gê".