© PixaBay
Efeitos climáticos provocaram a queda na produção do café tipo conilon no Brasil, o que deve desestruturar o mercado. Enquanto o país consume 12,2 milhões de sacas por ano, foram produzidas apenas 8,4 milhões. Neste caso, a demanda deverá ser coberta pelo café do tipo arábica.
PUB
"É um cenário que nunca vi antes", diz Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café).
Segundo ele, "há um desabastecimento que afeta tanto o setor interno como o externo".
Ao colunista Mauro Zafalon, da Folha de S. Paulo, Herszkowicz disse que a indústria é afetada não só pela falta de produto, e consequente elevação de preços, mas também por ter de fazer um rearranjo industrial.
Com menos conilon, que em geral responde por 40% da mistura do café que vai ao supermercado, a indústria tem de mudar a composição de seu "blend".
Ainda de acordo com o colunista, essa mudança de "blend" traz consequências tanto para o consumidor, acostumado ao sabor do produto, como para a empresa. Após industrializados, esses cafés têm volumes diferentes, o que traz problemas até na hora de embalar, segundo Herszkowicz.
O que mais preocupa a indústria é que esse cenário de dificuldade não é passageiro. A safra que está em curso não promete muito, uma vez que vai viver a chamada bienalidade, período de menor produção devido ao estresse da planta no ano anterior. E a importação de café não é permitida.
Tradicionalmente com preços menores, a saca de café conilon está em R$ 481, acima dos R$ 450 do arábica.
Neste momento, a alta de preços do conilon eleva também o do arábica, e os produtores que ainda têm café aguardam preços melhores, aumentando a ausência do produto no mercado, segundo Herszkowicz.
Esses custos vão ser repassados para o consumidor. O repasse vai depender do comportamento dos preços da matéria-prima.
Leia também: Com greve dos bancários, financiamentos de veículos caem 14,8%