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O ministro das Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, disse nesta terça-feira (18), em Tóquio, que a mineradora Samarco, envolvida na tragédia de Mariana (MG), pode ter sua licença revista para voltar a operar no começo do próximo ano.
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Coelho Filho disse ter se reunido com os administradores das duas mineradoras sócias na Samarco -a brasileira Vale e a anglo-australiana BHP Billiton-, que se comprometeram a fazer "o que for preciso para reparar os danos" causados pelo rompimento da barragem do Fundão, que deixou 19 mortos em novembro de 2015.
O ministro afirmou que houve atraso na construção de um dos quatro diques necessários, porque ele poderia afetar ainda mais a Estrada Real, considerada patrimônio histórico e já parcialmente soterrada pelo mar de lama que vazou da barragem.
"No Brasil ainda há muito preconceito com a mineração", disse Coelho Filho, durante evento para apresentar a empresários e investidores japoneses o programa de privatizações do governo.
O ministro defendeu a retomada das operações para que se recuperem os empregos e os impostos gerados pela Samarco. Em 2015, a empresa tinha 3.000 funcionários, dos quais cerca da metade tiveram seus contratos de trabalho temporariamente suspensos (lay-off) após o desastre.
Segundo dados de 2014, a receita da mineradora equivalia a cerca de 6,4% do PIB do Espírito Santo e 1,6% do PIB de Minas, e a empresa pagara R$ 1,5 bilhão em impostos.
As declarações de Coelho Neto foram dadas em resposta à pergunta do representante da Nexi (Nippon Export and Investment Insurance), braço de exportação do governo japonês que faz seguros para bancos comerciais do país. O executivo havia perguntado ao ministro que medidas o governo pretendia tomar em relação à empresa responsável pelo acidente.
IMPACTO AMBIENTAL
Em junho, a mineradora apresentou a proposta de reutilizar o Vale do Fundão, onde se rompeu a barragem de reservatório de rejeitos de minério.
Como revelou a Folha de S.Paulo, a alternativa foi apresentada pela empresa em um estudo de impacto ambiental elaborado em junho, sete meses depois da tragédia que deixou rastro de destruição até a região litorânea do Espírito Santo.
O documento da mineradora, enviado a órgãos públicos, pede a análise prévia de um retorno das operações em Mariana, suspensas depois do rompimento da barragem. Com informações da Folhapress.