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O primeiro contraceptivo oral foi lançado nos Estados Unidos, em 1960, causando uma verdadeira revolução na sociedade ao oferecer às mulheres a liberdade sexual. Ao longo destes quase 60 anos, a pílula anticoncepcional obteve aprimoramento por meio dos avanços científicos com redução dos efeitos colaterais e resultados benéficos às usuárias.
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Entretanto, discussões sobre os riscos e consequências deste tipo de medicamento ganham cada vez mais espaço, devido à maior exposição de casos de complicações graves (trombose, embolia pulmonar e AVC) com o uso inadvertido do método por mulheres com algum fator de risco, como no caso de fumantes, diabéticas, hipertensas, obesas e sedentárias.
Por isso, o médico ginecologista e obstetra Dr. Marcos Tcherniakovsky, chefe do setor de videoendoscopia ginecológica da Faculdade de Medicina da Fundação do ABC e diretor da Clínica Ginelife, explica a influência negativa do uso de anticoncepcionais.
“Hoje em dia, não vejo nenhuma influência negativa em relação ao uso dos anticoncepcionais, principalmente os hormonais. O que existe é uma preocupação e certo temor com o risco de desenvolver fenômenos tromboembólicos, sendo o mais conhecido a Trombose Venosa Profunda (TVP)”, esclarece o ginecologista.
O médico afirma que a trombose não está somente relacionada ao uso de anticoncepcionais: “Existe o risco de 2 a 3 vezes maior de usuárias de anticoncepcionais hormonais desenvolverem TVP em comparação com mulheres que não utilizam nenhum método. Porém o risco absoluto (número de casos na população por um determinado período de tempo) continua baixo, principalmente em mulheres sem fatores de riscos. Para se ter uma ideia, na gravidez e no período pós-parto este risco de desenvolver uma TVP é muito maior”.
As contraindicações de acordo com os critérios de elegibilidade da Organização Mundial de Saúde (OMS), publicados em 2009, devem ser consideradas. “Os anticoncepcionais podem ser usados independente da faixa etária. Neste caso, uma boa anamnese (história) da futura usuária se faz necessária. Antecedentes de coagulopatias, hipertensão, obesidade, enxaquecas intensas, entre outras”, diz Tcherniakovsky.
Os anticoncepcionais possuem como função mais conhecida a capacidade de evitar a gravidez, mas podem ser utilizados para outros benefícios não contraceptivos, tais como: diminuição do fluxo menstrual; melhora das cólicas menstruais (dismenorreia), melhora da Tensão Pré-Menstrual (TPM), em casos de endometriose e miomas uterinos e prevenção para doenças inflamatórias pélvicas e alterações funcionais específicas das mamas. Como consequência também os anticoncepcionais hormonais podem melhorar e/ou evitar o aparecimento de acne e hirsutismo (aparecimento de pelos em exagero). Estudos recentes comprovam seu benefício em casos de câncer de ovário, de endométrio e provavelmente colorretal.
Já os efeitos colaterais negativos são mais conhecidos, os mais comumente relacionados ao uso dos anticoncepcionais hormonais são: náuseas e/ou vômitos (sintomas gastrointestinais); ganho de peso, mastalgia (dores nas mamas), cefaleia e sangramentos irregulares. Sintomas estes que tendem a aparecer no início do uso do método, mas tendem a diminuir conforme o tempo do uso, sendo mais frequentes nos primeiros três meses.
Os métodos contraceptivos podem ser classificados entre métodos temporários e métodos definitivos. Os anticoncepcionais hormonais estão entre os temporários, assim como os naturais (temperatura basal; tabela; muco cervical), os de barreira (preservativos; diafragma) e os dispositivos intrauterinos (DIU).
Em alguns casos, quando a decisão de evitar uma gravidez é definitiva, o mais adequado é recorrer a um método definitivo. Entre os mais conhecidos: a vasectomia (ligadura e secção dos ductos deferentes) para os homens e Laqueadura tubárea (ligadura e secção das tubas uterinas) nas mulheres. Por consequência o transporte de espermatozoides e óvulo, respectivamente, ficam bloqueados não ocorrendo a fecundação. Para estes procedimentos é sempre necessário o uso de anestesia e por consequência a utilização de um ambiente hospitalar.
Recentemente, uma nova alternativa de laqueadura tubárea, com eficácia comprovada de 99,8%, vem revolucionando o mercado e beneficiando as mulheres que desejam o método definitivo. Trata-se do ESSURE, método pelo qual um dispositivo é inserido em cada tuba uterina por meio da videohisteroscopia (procedimento que visualiza a cavidade uterina e a entrada das tubas uterinas) causando um processo de cicatrização, que forma uma barreira natural e o consequente bloqueio, impedindo o encontro do óvulo com o espermatozoide, sem a liberação de hormônios. “Este procedimento não necessita de anestesia e não tem cortes, podendo ser realizado em ambiente ambulatorial, sem a necessidade de internação ou de afastamento das atividades diárias”, ressalta.
Fator pelo qual é também especialmente indicado para mulheres que não desejam mais ter filhos e que apresentam efeitos adversos a outros métodos contraceptivos ou alguma doença que aumente o risco cirúrgico como hipertensão, cardiopatia, diabetes, obesidade, entre outras.
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