© Antônio Milena/ABR
A petroleira estatal Saudi Aramco, da Arábia Saudita, disse nesta sexta-feira (28) que uma auditoria interna realizada em 2012 revelou irregularidades em uma transação envolvendo a companhia e a fabricante brasileira de aviões Embraer.
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A Saudi Aramco informou que um de seus empregados recebeu propina da Embraer para facilitar a compra de três aeronaves e que a companhia brasileira foi excluída de qualquer negócio desde então e no futuro.
Nesta semana, a Embraer fechou acordo para pagar multa de US$ 206 milhões para encerrar um caso de corrupção que vinha sendo investigado pelas Justiças dos EUA e do Brasil. As autoridades concluíram que a empresa pagou propina em negociações feitas na Índia, Arábia Saudita, República Dominicana e Moçambique.
Além da punição financeira, a Embraer terá de adotar normas de "compliance" (medidas anticorrupção) e será fiscalizada por dois monitores externos, um brasileiro e outro norte-americano.
O acordo foi assinado entre a Embraer, o Departamento de Justiça dos EUA, a SEC (órgão que regula o mercado de capitais norte-americano), o Ministério Público Federal do Rio de Janeiro e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
O valor é superior ao previsto inicialmente. Em junho, a Embraer divulgou que havia separado US$ 200 milhões para pagar multas decorrentes do processo.
NA MIRA
A Justiça americana investigava a empresa desde 2010 por causa da venda de aviões militares para a República Dominicana. Em 2008, a companhia brasileira pagou US$ 3,5 milhões em suborno para um coronel reformado da Força Aérea dominicana no processo da venda de oito aviões militares Super Tucanos, por US$ 92 milhões.
Pelo menos 10 executivos do alto escalão da Embraer se envolveram diretamente no pagamento de propina para vender aviões no exterior. Desse grupo, dois ainda trabalham na empresa.
Levantamento feito pela Folha de S.Paulo nos anexos do acordo selado pela Embraer com autoridades no Brasil e nos Estados Unidos identificou vice-presidentes e diretores das áreas de aviação comercial, defesa e segurança, jatos executivos, além do próprio departamento jurídico.
Na avaliação do Departamento de Justiça (DOJ) dos EUA, a Embraer está punindo "parcialmente" os responsáveis. O órgão enfatiza que a empresa "deixou de disciplinar um executivo sênior que sabia das discussões de propina por e-mail" e que "tinha responsabilidade de fiscalizar os demais".
Procurada pela reportagem, a Embraer não revelou a identidade desse executivo e também se recusou a comentar casos específicos dos demais funcionários.
Por enquanto, o Ministério Público brasileiro está investigando apenas os executivos envolvidos no pagamento de R$ 3,5 milhões em propina na República Dominicana. Investigações sobre os casos na Arábia Saudita, Moçambique e Índia ainda estão em curso. Com informações da Folhapress.
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