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A chuva de novembro veio. Caiu forte durante quase 50 minutos no meio de um show de duas horas e meia. Molhou bastante as 45 mil pessoas que lotaram o Allianz Parque na noite de sexta (11), para ver o Guns N' Roses.
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E a multidão urrou quando a chuva parou, antes que Axl Rose cantasse, com voz mais potente do que era possível imaginar, os versos de "November Rain". Na turnê que reúne seus principais integrantes depois de 20 anos, o grupo americano celebrou o melhor do hard rock, num show espetacular.
Esta passagem da banda pelo Brasil pode incentivar as pessoas que assistiram aos shows do Guns no país entre 2001 e 2014 a pedirem de volta o dinheiro do ingresso daquelas apresentações. Esta, de agora, é a banda de verdade.
O guitarrista Slash e o baixista Duff McKagan, novamente no time, são integrantes da formação clássica que transformou o Guns N' Roses na banda número um do planeta no início dos anos 1990. Vê-los agora no palco só reforça a ideia de que, sem eles, Axl Rose manteve uma espécie de banda cover durante 20 anos.
No Rock in Rio de 2011, o Guns se apresentou com três guitarristas (alguém se lembra dos nomes?), que tentaram em vão emular o que Slash faz sozinho. Tudo bem, Axl tem presença, berra bem, mas é com seu principal e cabeludo instrumentista que a banda faz a diferença.
Mesmo sob risco de ser atacado na rua por fãs de Jack White, é obrigatório dizer que Slash é o guitarrista mais interessante que apareceu no rock nos últimos 30 anos. Os solos, que ele escreve e não improvisa, seguindo o que faz Jimmy Page, são hipnóticos. E ele transborda cultura pop ao incluir no meio de seu rock autoral o tema do filme "O Poderoso Chefão", os acordes de "Layla", que Eric Clapton fez no Derek and The Dominos, e a versão instrumental de "Wish You Were Here", do Pink Floyd.
O melhor do show está no material mais antigo, principalmente nas sete canções tiradas do hoje clássico "Appettite for Destruction" (1987). O Guns abre o show com duas de seu álbum de estreia, "It's So Easy" e "Mr. Browstone", fecha a primeira parte com outra, "Nightrain", e encerra o bis com mais uma, "Paradise City".
No meio da apresentação, três momentos de catarse com músicas desse disco: "Welcome to the Jungle" (a quarta da noite), "Rocket Queen" e, no instante de maior comunhão com o público, a baladona "Sweet Child O'Mine".
Outras pauladas que o Guns lançou nos álbuns seguintes também são tocadas em alta voltagem, como "You Could Be Mine", "November Rain" e os covers já tradicionais da banda, "Live and Let Die", de Paul McCartney, e "Knockin' on the Heaven's Door", de Bob Dylan. A esses o grupo soma agora "The Seeker", do The Who, tocada no bis.
O que realmente destoa é o material tirado de "Chinese Democracy" (2008), praticamente um álbum solo que Axl gravou longe de Slash e Duff. "Chinese Democracy", "Better" e "This I Love" poderiam ser retiradas sumariamente do show, sem prejuízo algum.
O Guns N' Roses está em boa forma. Axl, 54, Slash, 51, e Duff, 52, poderiam voltar aos estúdios e tentar produzir mais peças do ótimo hard rock que sabem fazer.
A turnê brasileira continua neste sábado (12), com o segundo show no Allianz Parque. Depois o Guns N' Roses segue para o Rio, onde toca na terça (15), no Engenhão, e então vai a Curitiba, onde se apresenta na quinta (17), na Pedreira Paulo Leminski. O último show no país será no domingo (20), em Brasília, no estádio Mané Garrincha.
Eis o set list do primeiro show em São Paulo:
"It's So Easy"
"Mr.Brownstone"
"Chinese Democracy"
"Welcome to the Jungle"
"Double Talkin' Jive"
"Better"
"Estranged"
"Live and Let Die" (cover de Paul McCartney and The Wings)
"Rocket Queen"
"You Could Be Mine"
"Attitude" (cover do Misfits)
"This I Love"
"Civil War"
"Coma"
"Speak Softly Love" (tema do filme "O Poderoso Chefão")
"Sweet Child O' Mine"
"Wish You Were Here" (cover do Pink Floyd)
"November Rain"
"Knockin' on Heaven's Door" (cover de Bob Dylan)
"Nightrain"
"Don't Cry"
"The Seeker" (cover do The Who)
"Paradise City"