© Rovena Rosa / Agência Brasil
Foram enterrados na tarde deste sábado (12) no cemitério da Vila Alpina, na zona leste de São Paulo, os corpos de quatro dos cinco rapazes vítimas de uma chacina supostamente praticada por um grupo liderado por um guarda municipal de Santo André (ABC).
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O enterro foi marcado pela revolta dos familiares das vítimas com a possibilidade de as mortes terem sido uma vingança por um outro crime em que não há comprovação do envolvimento dos jovens."Se alguém devia, que pagasse, não matar inocentes que não têm nada a ver", disse Amélia Donato, tia de Robson de Paula, que tinha 16 anos e era cadeirante. "Só esperamos justiça agora", disse.
A principal linha de investigação da polícia é que a chacina tenha sido praticada por guardas municipais de Santo André em vingança pela morte do guarda Rodrigo Lopes Sabino, assassinado durante um assalto no dia 24 de setembro.Um dos cinco rapazes atacados, Caíque Machado Silva, 18, havia sido incluído na lista de suspeitos de envolvimento no assassinato do guarda.
O também guarda municipal de Santo André Rodrigo Gonçalves de Oliveira foi preso na última quinta (30) sob a suspeita de ter criado uma emboscada para matar os cinco jovens.
"Vou colocar na cadeia um por um", disse Adriana Moreira, mãe de um dos jovens, aos berros, assim que chegou ao cemitério.
Cerca de 400 pessoas acompanharam os enterros. O comboio do serviço funerário chegou às 15h48, com quase três horas e 30 minutos do horário previsto em função da burocracia para a liberação dos corpos.
Isso reduziu o tempo disponível para as famílias se despedirem. Foram 58 minutos entre a chegada dos caixões até o aviso dos funcionários do cemitério que o tempo havia acabado.
Houve muito choro e gritos desesperados dos familiares na chegada do comboio. Os ânimos se acalmaram 20 minutos depois, quando uma pessoa iniciou uma oração em voz alta.
Os jovens desapareceram em 21 de outubro, a caminho da suposta festa. Os corpos foram achados no último domingo (6) numa área rural em Mogi das Cruzes (Grande São Paulo).
Parte dos familiares estava revoltada com a divulgação de informações negativas dos jovens –quatro dos cinco rapazes, com idades entre 16 e 30 anos, acumulavam, juntos, 29 registros de passagem pela polícia. O secretário da segurança Magino Alves Barbosa Filho saiu em defesa da PM em encontro com familiares dos mortos.
"Na reunião com as famílias, ele disse que havia preconceito com a polícia. Eu disse pra ele: 'eu moro na periferia, senhor. Eu sei o que é a polícia. Meu filho estava na cadeira de rodas por causa dela'", disse Elza, mãe de Robson de Paula.
ENTERRO ADIADO
O corpo do padeiro Jones Januário, 30, o mais velho do grupo, ainda não tem data para ser enterrado.
Os pais dele estiveram no cemitério de Vila Alpina neste sábado à espera do corpo que, não chegou. Uma irmã de Jones não fez a liberação necessária no IML e, assim, o enterro só deve ocorrer no domingo ou na segunda.
O enterro dos quatro jovens foi acompanhada por entidades ligadas aos direitos humanos que elogiaram o trabalho da polícia. "Disseram que a resposta foi rápida, mas, agora, precisa ser completa. Temos certeza que existe muitos outros policiais envolvidos", disse Cheila Olalla, do Condepe. Com informações da Folhapress.
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