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O Instituto Butantan, um dos maiores centros de pesquisas biomédicas do mundo, iniciou uma pesquisa para descobrir remédios que possam ser eficazes no tratamento de pessoas infectadas com o vírus zika.
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O estudo, que será feito pelo Grupo de Ação Rápida para Doenças Emergentes do Instituto, utiliza a estratégia conhecida como reposicionamento de fármacos e o método de High Content Screening (HCS), ou Triagem de Alto Conteúdo.
A tecnologia permite que coleções de compostos químicos sejam triadas de forma rápida contra o vírus em um ambiente fisiológico, com células humanas infectadas.
O processo favorece a descoberta de medicamentos que tenham atividade contra o vírus diretamente, sem a necessidade de validar previamente o alvo molecular, o que poderia levar vários anos.Metodologia utilizadaNo procedimento, a célula humana é infectada com o vírus zika por 72 horas e é simultaneamente exposta à ação dos fármacos, a fim de determinar a capacidade de inibirem a infecção.
Esta propriedade é chamada de atividade antiviral, que é comparada com a molécula controle, interferon α 2A (IFNα2A), uma proteína humana que faz parte da resposta imune antiviral do organismo e que também apresenta alta atividade in vitro contra diversos vírus, inclusive o zika.Dentre os compostos descobertos, os que melhor apresentam atividade sobre o zika são os fármacos que são ou foram utilizados no tratamento em diferentes condições, com destaque para o palonosetron.
Trata-se de um antiemético para o tratamento de náusea induzida por quimioterapia de câncer, considerado o medicamento mais promissor descoberto no estudo, com alta eficácia contra a infecção pelo vírus zika e propriedades de distribuição e metabolização no organismo que podem favorecer o tratamento da zika. O grupo trabalha há 10 anos com essa tecnologia aplicada à descoberta de fármacos para doenças tropicais e é um dos líderes mundiais nesse tipo de aplicação.