© Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas
O ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse nesta sexta-feira (18) que o Brasil irá manter, por tempo indeterminado, a situação de emergência nacional decretada há um ano devido ao avanço da microcefalia.
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"Vamos manter até que o acompanhamento que estamos fazendo nos dê tranquilidade para recuar. Apesar de já termos 80% de redução dos casos de microcefalia, consideramos ser muito impactante para a sociedade e vamos manter a vigilância", afirmou Barros, em comparação com os dados registrados em janeiro.
A declaração ocorre no mesmo dia em que uma nova reunião do comitê de emergência da OMS (Organização Mundial de Saúde) irá avaliar a recomendação de novas medidas em relação ao zika ou uma mudança de status na situação de emergência internacional devido aos impactos do vírus.
O Ministério da Saúde também anunciou nesta sexta novos critérios e exames que devem ser aplicados na rede de saúde para acompanhamento de gestantes e bebês com suspeita de zika.
A partir de agora, bebês cujas mães tiveram zika devem ser acompanhados até os três anos, independente de terem ou não o quadro de microcefalia.
O objetivo é identificar outros danos relacionados ao vírus, conforme a Folha de S.Paulo divulgou em julho deste ano.
Com a mudança, pais e profissionais de saúde serão orientados a identificar possíveis problemas no desenvolvimento do bebê que podem estar relacionados ao zika, como danos à audição ou à visão e deficiência nos membros.
Além dessas ações, o Brasil também passa a adotar um novo parâmetro para identificar os casos suspeitos de microcefalia a partir da medida do perímetro da cabeça dos bebês.
Agora, bebês cuja circunferência da cabeça ao nascer for menor que 30,5 cm, no caso de meninos, ou de 30,2 cm, no caso de meninas, passam a ser avaliados para microcefalia. Antes, essas medidas eram de 31,9 cm e 31,5 cm, respectivamente.O novo parâmetro segue recomendação da OMS. O objetivo é ter maior precisão na notificação dos casos.
MUDANÇAS NO PRÉ-NATAL
O ministério também anunciou que irá passar a recomendar uma segunda ultrassonografia para gestantes no pré-natal, a partir do sétimo mês de gravidez. Um primeiro exame já é previsto no primeiro trimestre de gestação.
Ao todo, serão investidos R$ 52,6 milhões por ano para ampliação do atendimento.Questionado se não houve atraso na recomendação de um segundo exame, o ministro alegou que a medida não tinha consenso entre a equipe da pasta.
"Por precaução, decidimos fazer. Chegamos a essa decisão, mas ainda com restrição de membros da nossa equipe técnica que acham que é um esforço muito grande e essa atenção a mais poderia ser dada apenas para a mãe que tiver alguma sintomatologia", afirma.
Segundo o ministério, além da microcefalia, o exame poderá ser útil para identificar outras malformações congênitas ou danos pelo zika. "Esse segundo exame pode identificar melhor as calcificações [no cérebro] e permitir melhor o acompanhamento do bebê", disse Thereza de Lamare, diretora do departamento de ações programáticas e estratégicas da pasta.
Desde que a emergência foi decretada, já foram notificados 11.119 casos suspeitos de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso central -destes, 2.143 foram confirmados e 3.086 ainda estão em investigação.
O Nordeste concentra a maior parte dos casos de microcefalia. Segundo o coordenador geral de vigilância e resposta a emergências em saúde, Wanderson Kleber Oliveira, ainda não há resposta sobre o que leva a essa concentração maior na região -se a expansão se deu apenas pelo zika ou se há fatores associados, por exemplo.
"Não há nenhuma evidência até o momento de outro fator que tenha influenciado", afirma. "O principal fator ainda é o vetorial [pelo Aedes aegypti]."
ESTUDOS
Ainda de acordo com Oliveira, ainda não é possível saber se a circulação do vírus zika tem tido redução no país e qual o risco para o próximo verão, quando aumenta incidência do mosquito transmissor.
"Temos, diferente de outros países, três diferentes vírus circulando no país transmitidos pelo mesmo mosquito. A dinâmica ainda está em estudo e não sabemos ainda qual vírus vai sobressair em determinado momento. Precisamos acompanhar mais alguns anos. Por analogia, comparado com outros países que tiveram epidemia de zika, acreditamos que o vírus confere imunidade. Não sabemos por quanto tempo", afirma. Com informações da Folhapress.