© Fernando Frazão/ Agência Brasil
O grau de sofisticação do esquema de corrupção encabeçado pelo ex-governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral (PMDB), preso na operação Calicute, incluía até uma espécie de banco paralelo para tocar o dinheiro oriundo dos esquemas de corrupção.
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De acordo com o jornal O Globo, para investigadores, a transportadora Trans-Expert Vigilância e Transporte de Valores, que tinha um cofre no bairro de Santo Cristo, no Rio, usado para guardar e distribuir o dinheiro do grupo, mas de forma irregular e livre do sistema público de controle das atividades bancárias.
Os investigadores desconfiam que o “banco paralelo” funcionava desde o primeiro governo Cabral, recolhendo propina e a distribuindo aos favorecidos, a maioria políticos do PMDB fluminense. O achado surpreendeu até os já escaldados agentes da Delegacia de Repressão à Corrupção e a Crimes Financeiros (Delecor).
"Para desvendá-lo, a PF criou uma operação específica, a Farejador, que encontrou pelo menos três indícios que vinculam a transportadora a Cabral: um total de R$ 25 milhões em repasses da Trans-Expert para uma empresa ligada a Cabral; a apreensão de declarações de renda da ex-primeira-dama Adriana Ancelmo na empresa; e uma possível guarda de dinheiro para o ex-secretário de Obras Hudson Braga, um dos nove presos ao lado de Cabral.
Antes mesmo de ser investigada por movimentar dinheiro para o ex-governador, a Trans-Expert já estava na mira da Polícia Federal. A denúncia de que a empresa havia desaparecido com um total de R$ 35 milhões do Banco do Brasil, dinheiro recolhido das agências bancárias que não chegava ao destino final, somada a um misterioso incêndio ano passado, que teria transformado em pó milhões de reais (R$ 28 milhões só da Caixa Econômica Federal) supostamente guardados em seu cofre-forte, fizeram a PF suspender recentemente a autorização de funcionamento da transportadora.
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