© REUTERS/Murad Sezer
O presidente da Turquia, Recep Taiyyp Erdogan, acusou a União Europeia de não cumprir os acordos assinados com seu governo e disse que a paralisação das negociações entre as duas partes não causa preocupação.
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Segundo Erdogan, a votação que será realizada nesta quinta-feira (24) no Parlamento Europeu, que pode pedir que as conversas para a entrada da Turquia na UE sejam paralisadas, "não tem nenhum valor".
"Nós esclarecemos várias e várias vezes que temos os valores europeus mais do que muitos países da União Europeia, mas não vimos uma apoio concreto dos amigos ocidentais", disse o presidente em um discurso nesta terça-feira (23), em Istambul, ressaltando que "nenhuma das promessas foi mantida".
Por diversas vezes nos últimos meses, o governo de Ancara reclamou sobre a pausa na liberação da necessidade de vistos para os turistas turcos que querem ir aos países do bloco e que a União Europeia está dando "apoio" aos "terroristas" ligados ao clérigo Fethullah Gulen e ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, na sigla em turco).
Gulen é acusado por Erdogan de ser a mente estrategista por trás da fracassada tentativa de golpe de Estado na Turquia. Por causa disso, milhares de professores, militares e ativistas foram presos acusados de participarem da fracassada tentativa contra o governo.
Já o PKK, de origem curda, é acusado de ser "terrorista" por fazer ataques na região do Curdistão contra o governo. No entanto, os aliados internacionais dos turcos - seja a Rússia, EUA ou Europa - não concordam com essa visão de Ancara.
Em uma breve resposta às críticas de Erdogan, a chanceler alemã Angela Merkel afirmou que há "eventos alarmantes" na Turquia, mas defendeu que os debates com o governo turco não sejam paralisados. Segundo Merkel, "manterei o canal de conversas aberto com a Turquia", mas "isso não exclui que seja questionado aquilo que vimos de alarmante" no país.
Um dos principais pontos criticados pelos turcos tem a ver com a questão da imigração. Os dois lados firmaram um acordo para diminuir a chegada de imigrantes ilegais à Europa a partir da Turquia e, em troca, a questão dos vistos seria liberada.
No entanto, apesar de haver uma real diminuição no número de pessoas que chegam à Grécia, os turcos continuam precisando de um visto para entrar no continente europeu. (ANSA)