Baixista do Green Day fala que hiato foi 'para lidar com problemas'

Apesar de se considerar punk rock, o Green Day sempre foi muito criticado por popularizar o gênero "pop punk", menos agressivo e mais palatável

© REUTERS/Danny Moloshok

Cultura música 07/12/16 POR Folhapress

O ano é 1994. A cidade, Chicago. A banda Green Day se apresenta num clubinho lotado de fãs e imprensa. Após tocar um dos hits do grupo, o baixista Mike Dirnt sai do palco e volta alguns segundos depois, levando uma toalha ao nariz ensanguentado.

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"Acho que quebrei meu nariz", avisa o baixista. "É a cocaína", brinca o vocalista Billie Joe. "Você matou o punk rock!", berra alguém na plateia ao fundo.

O show, gravado em vídeo, era exibido constantemente pela MTV, emissora que naquela época ainda era responsável por boa parte da educação musical dos jovens. E o episódio, muito característico do que era ser o Green Day em 94, ano em que a banda ficou famosa após lançar o disco "Dookie" (gíria para "cocô", em inglês).

Apesar de se considerar punk rock, o Green Day sempre foi muito criticado por popularizar o gênero "pop punk", menos agressivo e mais palatável.

O ano é 2016. A cidade, São Francisco. Billie Joe divaga enquanto sentado em um sofá no último andar do hotel Fairmont, onde a banda divulga o novo disco, "Revolution Radio". "Nunca entendi muito bem esse termo 'pop punk'. Eu sempre gostei de bandas como o Hüsker Dü e o Pixies, mas não acho que eles faziam rock, punk ou pop. Acho que eles faziam músicas boas e memoráveis."

O disco vem após uma pausa de quatro anos desde que a banda lançou a trilogia "¡Uno! ¡Dos! ¡Tré!", não muito bem recebida pela crítica. Mas o motivo para a pausa não foi esse. Foi, sim, uma coincidência trágica. Em abril de 2014, a mulher de Dirnt, Brittney Cade, foi diagnosticada com câncer de mama, aos 31 anos.Alguns meses depois, o guitarrista Jason White, que toca com o grupo em turnê, também foi diagnosticado com câncer, nas amídalas.

"Resolvemos dar um tempo para que todo mundo pudesse lidar com seus problemas", conta Billie Joe. Ele mesmo já estava lutando sua própria batalha, contra o vício em álcool e remédios -que o fez perder a cabeça durante um show no festival iHeartRadio em Las Vegas em 2012 e xingar a organização no palco: "vocês estão achando que eu sou a porra do Justin Bieber?"

Experiências como essas o fizeram escrever a música "Forever Now", na qual canta "Meu nome é Billie e estou enlouquecendo." Segundo ele, a letra "mais honesta" que ele já escreveu. "Me sinto assim o tempo todo. Estamos vivendo uma época difícil, com as eleições aqui, o [Donald] Trump... É difícil não ficar irritado", diz o músico, que já expressou diversas vezes ser contra o presidente eleito americano.Armstrong, no entanto, parece estar recuperado do vício. Brittney e White estão em remissão. Mas o momento "negro" da banda deixou marcas no vocalista, que escreveu ainda a música "Say Goodbye", uma das melhores do disco, cujo refrão é: "Diga adeus àqueles que amamos."

Ele, que tem dois filhos (Joseph, 21, e Jakob, 18), diz que não é muito fã das redes sociais. "Eu acho legal o impacto que se pode ter. Quando anunciamos que lançaríamos esse disco, a notícia se espalhou muito rápido. Mas, ao mesmo tempo, tudo o que você posta é esmiuçado. As pessoas ficam tentando achar significado no que você escreveu", diz.

Apesar de Armstrong não ser muito fã desse lado da tecnologia, a banda se apoia muito nas redes sociais para atingir seu público alvo, que de acordo com o grupo, sempre é composto por jovens. Todos os três integrantes atualizam seus próprios perfis nas redes, para se manter conectados aos fãs.

E aproveitam, mesmo, qualquer chance para cativar os fãs. Ao ser informado que o irmão da repórter era fã da banda, o baterista Tre Cool insistiu em ligar para ele no FaceTime. Ao atender, o irmão da repórter reconheceu o baterista, falando o nome dele, o que surpreendeu o músico. "Uau! Ele é fã mesmo!"

A banda diz que volta ao Brasil no ano que vem, ainda sem data certa. Tre Cool diz estar ansioso para voltar ao país, pois adora instrumentos brasileiros de percussão. "Toda vez que vou, volto com a mala cheia de coisas diferentes!", conta ele, que diz ter uma coleção infinita de tambores, tamborins e pandeiros.*A jornalista viajou a convite da gravadora Warner Music. Com informações da Folhapress.

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