© Policia Civil / Divulgação
No começo deste ano a polícia do Rio Grande do Sul recebeu informações sobre a presença de pessoas da Ucrânia e de outros pontos do Leste Europeu com o objetivo de cooptar brasileiros ligados ao neonazismo para participar do Batalhão Azov. Um delegado gaúcho fala à Sputnik Brasil da operação de combate aos neonazistas.
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À frente de um grupo de policiais especializados no combate e na repressão a grupos neonazistas, o Delegado Paulo César Jardim, titular da 1.ª Delegacia de Porto Alegre, RS, tem realizado prisões na capital e em sete outras cidades do Estado: Viamão, Canoas, Passo Fundo, Erechim, Caxias do Sul, Cruz Alta e São Nicolau. Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, o titular da 1.ª DP da capital gaúcha contou como este trabalho de combate começou e há quanto tempo vem sendo realizado:
"Na realidade, nós temos aqui em Porto Alegre, desde o ano 2000, uma equipe pronta para atuar neste tipo de tarefa. Naquela época, eu era diretor da Polícia Metropolitana e fui procurado pelo grupo Justiça e Direitos Humanos, que me comunicou a existência de grupos neonazistas aqui no Rio Grande do Sul", contou.
O oficial disse que, a princípio, não acreditou muito. "Então, criei um grupo para ver até que ponto isso era verdadeiro e começamos a detectar alguns pontos, algumas pessoas, várias tribos como Góticos, Carecas do Brasil, Carecas do ABC, Nazi, etc. Começamos então a descobrir que havia principalmente desentendimento com os punks, e em cima destes fatos nós nos aproximamos e constatamos que, de fato, existia um grupo que tinha uma ideologia neonazista", explicou.
Paulo Jardim conta que a partir deste momento, várias prisões foram realizadas, mais de 50 pessoas foram indiciadas, inquéritos foram instaurados e mandados para a Justiça.
Durante a Operação Azov, conduzida pelo Delegado Paulo César Jardim, foram apreendidos computadores, documentos e diversos materiais contendo propaganda nazista. O policial explica a razão de a movimentação policial contra os grupos neonazistas ter recebido este nome: "Há cerca de 10 meses, nós recebemos informações de que estavam chegando pessoas da Ucrânia e de outros pontos do Leste Europeu com o objetivo de cooptar pessoas vinculadas ao neonazismo para participar do Batalhão ou Pelotão Azov, para ir para a Ucrânia fazer parte desse movimento. [...] Já temos vários depoimentos, mas essas pessoas foram liberadas porque a prisão no Brasil só pode acontecer de duas formas: ou em flagrante delito ou por ordem judicial. Nós não tínhamos o flagrante, e a ordem judicial que eu apresentei era no sentido de busca e apreensão para desativar uma possível ação futura", disse.
"Meu raciocínio é bastante simples: é mais fácil, é mais tranquilo nós evitarmos que o fato aconteça do que depois que ele acontecer, prantear a dor, a tragédia, e esclarecer. Fizemos isso nesse período dos últimos 10 anos, e conseguimos abortar diversas ações dos neonazistas", completou.
Ainda de acordo com o Delegado Paulo César Jardim, os presos na Operação Azov estão detidos em penitenciárias do Rio Grande do Sul porque estão indiciados por crimes comuns como homicídios, tentativas de homicídios, lesões corporais graves, formação de quadrilha, constrangimento. Entre o material apreendido estão computadores, armas, estojos de munições, livros como "Mein Kampf" ("Minha Luta"), de Adolf Hitler, e propaganda do movimento White Power Sul Skin (Poder da Pele Branca do Sul). (SputnikBrasil)
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