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Levantamento aponta que a aprovação de pelo menos duas medidas provisórias beneficiou o grupo Odebrecht em R$ 8,4 bilhões de 2006 a 2015.
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A delação premiada de Cláudio Melo Filho, ex vice-presidente de Relações Institucionais da empreiteira, revelou que a aprovação de medidas provisórias envolveu o pagamento de, no mínimo, R$ 16,9 milhões em propinas a congressistas e doações a campanhas eleitorais.
Em seu depoimento, o ex-executivo afirmou ter pago por nove medidas aprovadas, que viraram leis. O delator contou que o senador Romero Jucá (PMDB-RR) atuou ativamente para que no texto final aprovado fossem incluídas as emendas apresentadas pela Odebrecht.
Entre elas, uma medida que pleiteava isenção de Cofins e PIS na compra de matéria-prima (nafta) para reduzir os custos da Braskem, a empresa petroquímica controlada pelo grupo. No momento, a nafta representava 76% dos custos da operação, segundo balanços da Braskem.
Em outro episódio, ocorrido em 2012, Claúdio Filho menciona a renovação de contratos com a Chesf, principal fornecedora de energia do Nordeste. Neste caso, a Odebrecht pressionou o Congresso para que fosse aprovada a extensão do prazo do fornecimento de energia barata pela empresa.
"Depois de longa dedicação [de Jucá], finalmente uma emenda de sua autoria permitia geradores a continuar com os contratos de fornecimento direto aos grandes consumidores do Nordeste", afirmou Melo Filho durante o depoimento.
O valor de pelo menos R$8,4 pela aprovação medidas foi revelado após cálculos realizados pela Folha de S. Paulo baseado nos detalhes dados durante a delação do ex-executivo.
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