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Considerada uma das principais doenças reumáticas, a artrite reumatoide pode acometer mais do que as articulações do paciente. Com o passar do tempo, muitas vezes os danos se estendem a diferentes órgãos, principalmente pulmões e coração. Estima-se que 40% dos pacientes apresentem essas manifestações extra articulares em algum momento, das quais cerca de 15% são consideradas graves.
De natureza autoimune, a artrite reumatoide provoca um processo inflamatório sistêmico, ou seja, que não se restringe a uma única região do corpo. O comprometimento mais amplo é frequentemente observado em pacientes com artrite reumatoide de pior prognóstico, que apresentam várias articulações afetadas, sorologia positiva para fator reumatoide e um anticorpo específico, o antipeptídeo citrulinado cíclico.
Uma das maiores preocupações dos reumatologistas são os efeitos da artrite reumatoide sobre a saúde cardiovascular, uma vez que a doença estimula um processo inflamatório crônico, favorecendo os quadros de aterosclerose – caracterizada pela formação de placas na parede dos vasos, podendo levar à obstrução dessas estruturas. Uma meta-análise realizada por pesquisadores canadenses demonstrou, por exemplo, que o risco de esse paciente apresentar uma doença cardiovascular é 48% maior em relação ao restante da população, chegando a 68% para os quadros de enfarte e acidente vascular cerebral (AVC). A meta-análise avaliou 14 estudos científicos, envolvendo 41.490 pacientes.
“Antigamente, a pessoa com artrite reumatoide morria por causa das infecções. Com a melhoria do tratamento, contudo, as doenças cardiovasculares passaram a ser a principal causa de morte para esse paciente”, afirma a reumatologista Ieda Laurindo, doutora em medicina pela Universidade de São Paulo (USP).
A artrite reumatoide também estimula o desenvolvimento de uma inflamação grave na esclera, o tecido fibroso que reveste o globo ocular, popularmente conhecido como “branco do olho”. Nesses casos podem ocorrem complicações potencialmente graves, como catarata, descolamento da retina e glaucoma, com risco de perda severa da visão ou até mesmo de cegueira.
Não raramente, o paciente com artrite reumatoide pode desenvolver uma segunda doença autoimune associada, chamada síndrome de Sjögren. Essa condição afeta as glândulas lacrimais e salivares, provocando secura, vermelhidão e sensação de areia nos olhos, além de boca seca. Com isso, costumam ocorrer dificuldades para consumir alimentos sem a ingestão de água, uma vez que a língua pode grudar no céu da boca, provocando pequenas feridas.
As complicações pulmonares constituem outro ponto de atenção para os portadores de artrite reumatoide, pois são responsáveis por até 20% das mortes nesse grupo de pacientes. A manifestação pulmonar mais comum é a pneumonia intersticial usual, também conhecida como fibrose pulmonar 5. Crônica e progressiva, a doença se caracteriza pelo surgimento de cicatrizes no tecido dos pulmões, fazendo com que se tornem mais rígidos, o que dificulta a respiração e provoca sintomas como falta de ar e tosse seca. Nos casos mais graves pode ser necessário passar por um transplante de pulmão.
Quadros de anemia associados à doença crônica, que costumam acometer pessoas com distúrbios infecciosos e inflamatórios crônicos ou pacientes oncológicos, representam outra alteração importante para os portadores de artrite reumatoide. “Nesses casos, não resolve o paciente se alimentar corretamente e complementar o ferro. Esse tipo de anemia só desaparece quando a artrite reumatoide é tratada corretamente”, reforça a médica.
Sobre a artrite reumatoide
A artrite reumatoide é uma doença autoimune, ou seja, ocorre porque o sistema imunológico passa a atacar o próprio organismo. De origem multifatorial, está relacionada a fatores genéticos e externos, entre eles o tabagismo.
No Brasil, estima-se que a doença afete cerca de 2 milhões de pessoas, o que equivale ao total de habitantes de uma cidade como Belo Horizonte (MG), por exemplo. Geralmente, as articulações das mãos e dos pulsos são as primeiras estruturas afetadas. Mas, com o passar do tempo, a doença pode progressivamente avançar sobre os cotovelos, joelhos e quadris, prejudicando a locomoção e a realização de atividades cotidianas.
Tratamento
Embora não exista cura para a artrite reumatoide, há tratamentos capazes de controlar a enfermidade, principalmente quando o diagnóstico é feito precocemente. Assim, por meio de medicações que diminuem a atividade da doença, é possível prevenir danos irreversíveis nas articulações, aliviar a dor, reduzir determinadas manifestações extra articulares e melhorar a qualidade de vida do paciente. Em 2015, a Pfizer trouxe ao Brasil o Xeljanz, um medicamento para tratamento da artrite reumatoide administrado por via oral. O medicamento é indicado para o tratamento de pacientes adultos com artrite reumatoide ativa moderada a grave, que apresentaram uma resposta inadequada a um ou mais DMARDs.
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