© Reprodução/TV Globo
A Polícia Civil de São Paulo prendeu nesta quarta (28) o segundo homem que espancou até a morte um vendedor de doces na estação Pedro 2º do metrô, na noite do dia 25, durante o Natal, e já prepara medidas de segurança para evitar que ele e o primo sejam mortos dentro da prisão.
PUB
O segurança Alípio Rogério Belo dos Santos, 26, foi localizado na casa de um amigo na região de São Mateus (zona leste de SP). Ele estava foragido desde segunda (26), quando foi decretada sua prisão temporária por 30 dias.
A prisão ocorreu na manhã seguinte da localização do primo dele, Ricardo do Nascimento Martins, 21, que estava na casa de um amigo na região de Campinas, e foi encontrado na noite de terça-feira (27). Nenhum dos dois assassinos confessos enfrentou os policiais.
Segundo testemunhas, o vendedor Luiz Carlos Ruas, 54, foi agredido ao tentar defender moradoras de rua travestis que estavam sendo agredidas pela dupla.
Imagens das câmaras da estação mostram Ruas tentando fugir e sendo agredido com socos e chutes na cabeça por Santos e Martins. Horas antes, Santos havia danificado a casa de uma vizinha no Cambuci. Um dos motivos das medidas especiais de segurança à dupla foi o clima de hostilidade contra os dois na chegada e saída do distrito policial -na estação do metrô Barra Funda, na zona oeste.
Dezenas de pessoas se aglomeram em torno do distrito para xingá-los e atirar objetos. Foram ouvidos gritos de "assassino", "lixo", "covarde" e "vai morrer". Barreiras metálicas foram montadas para afastar as pessoas. Um grupo de policiais do GOE (Grupo de Operações Especiais) foi acionado.
Um deles chegou a atirar para cima. Segundo a Secretaria da Segurança, o disparo foi com munição não letal, "cuja função é, com o barulho, impedir a confusão generalizada". Ninguém se feriu, diz a pasta.
"Até os presos não gostam desse tipo de gente. Eles vão ter que ficar em um lugar meio reservado. A gente vai avisar o sistema carcerário sobre isso", disse o delegado Oswaldo Nico Gonçalves, um dos responsáveis pelo caso. A polícia aguarda receber oficialmente as imagens da agressão para concluir o inquérito. Os policiais irão pedir a mudança de prisão temporária para preventiva (sem prazo certo para a soltura).
DEFESA
O advogado dos presos, Marcolino Marcolino Nunes Pinho, admite que Santos e Martins apareceram nas imagens agredindo Ruas. Ele nega, porém, que a confusão tenha sido motivado por intolerância de gênero.
Ele afirma que os dois brigaram porque Santos teve seu celular roubado do lado de fora da estação por um grupo em que estavam as travestis.
A polícia diz que nenhuma testemunha ouvida confirma essa versão.
"Ouvimos 14 testemunhas. O bilheteiro, e senhora japonesa com o cachorrinho, ouvimos todo mundo. Ninguém falou isso. Ele está com essa história aí. Se fazer de vítima", disse o delegado Nico. O advogado não disse quais medidas jurídicas pretende adotar agora. Com informações da Folhapress.