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Os dois homens que espancaram até a morte um vendedor de doces no Metrô de São Paulo disseram, em interrogatório à polícia, que não tinham intenção de matar ninguém e que se excederam nas agressões porque estavam "embriagados" e "fora de si".
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As versões do segurança Alípio Rogério Belo dos Santos, 26, e o auxiliar de pedreiro Ricardo do Nascimento Martins, 21, estão em documentos obtidos pela reportagem, e dadas à Polícia Civil na tarde desta quarta-feira (28).
A presença de ambos na estação do Metrô Barra Funda, onde fica o distrito policial responsável pelas investigações, causou revolta em usuários do sistema, que chegaram a xingá-los e atirar objetos neles.
Tanto Santos quanto Martins relatam aos policiais que chegaram na estação Dom Pedro 2º por volta das 20h30, vindos de uma festa natalina em Artur Alvim (zona leste). Após o desembarque, em direção à residência deles, decidiram urinar em um "canto escondido" no lado de fora da estação.
Neste momento, ainda segundo a versão da dupla, ambos foram atacados por um grupo com cerca de oito moradores de rua, entre eles travestis. Dizem que foram jogados no chão e, lá, tiveram pertences levados. Santos disse que teve o celular e R$ 200 levados. Já Martins, os óculos de sol.
Após se recuperarem, foram atrás dos pertences e, segundo dizem, localizaram uma das pessoas que participaram do roubo. "Houve nova luta física com o autor [do roubo], recordando-se que neste momento recebeu uma 'garrafada' de um senhor que estava próximo", diz trecho do interrogatório de Santos.
O homem, dizem na sequência do interrogatório, seria o vendedor de doces Luiz Carlos Ruas, 54.
Correram, então, atrás da pessoa que, segundo alegam, teria roubado os pertences deles: a travesti Raissa Saad, 29, que conseguiu escapar passando por baixo das catracas do Metrô. Voltaram, então, para o exterior da estação, para tirar satisfação com Ruas.
Santos disse que discutiram e correram atrás do vendedor já dentro da estação, o derrubaram no chão e, "muito nervoso por sido agredido com a garrafada", ele o primo passaram a agredi-lo. Ele nega que tenha tido a intenção de matar a vítima, querendo apenas lesioná-lo.
Questionado pelos policiais por que, depois de deixar o homem caído, ainda voltou para novas agressões, Santos disse que estava "alcoolizado e fora de si". Somente no dia seguinte, pela manhã, viu pela televisão, que o autor das agressões havia morrido. Com medo e arrependido, deixou a residência e foi para casa de parentes, segundo seu depoimento.
VÍTIMAS
A travesti Raissa Saad, também ouvida pelos policiais, refutou a história contada pelos primos. Disse que foi à banca de doces de Ruas e lá viu a dupla agredindo o morador de rua conhecido por eles como Brasil. Segundo a sua versão, ela então foi ao encontro dos agressores para tentar cessar a violência, e agredida por eles. Ela disse que correu para dentro da estação, conseguindo "despistá-los'.
Só voltou minutos depois, quando presenciou Ruas sendo agredido pela dupla. "Presenciou todas as agressões, porém não pode ajudar [porque estava] com temor", diz trecho de seu depoimento.
Já Brasil, identificado pela polícia como Edvaldo Aureliano da Silva, 45, disse que foi agredido pela dupla "sem qualquer discussão inicial ou outro motivo aparente que possa ter causado rixa".
Brasil disse que também ficou ferido, com o nariz sangrando, além de dor nas costelas e no rosto. Ao ver as agressões sofridas por Ruas, e captadas pelo sistema de monitoramento, ele disse aos policiais que foram as mesmas que sofreu. "Só não aconteceu algo pior por intervenção alheia", disse. Com informações da Folhapress.