© Ueslei Marcelino/Reuters
A crise carcerária no Brasil não é recente, mas rebeliões seguidas de chacinas, como a de Carandiru (SP), que completará 15 anos em outubro, e a do Compaj (AM), que terminou em 56 mortes, no primeiro dia do ano, chamam ainda mais a atenção para a superlotação e atuação de facções criminosas dentro dos presídios. Logo após o massacre da Compaj, em Manaus, seguido da fuga de 112 detentos, outras revoltas e mortes aconteceram no país. Confira abaixo os principais fatos da crise prisional do Brasil nestes primeiros dias de 2017, listados pela Folha de S. Paulo.
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1º de janeiro
Uma rebelião de 17 horas ocasiona a morte de 56 detentos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus (AM). As vítimas foram decapitadas ou queimadas. Outros 112 presos fugiram.
No mesmo dia, 72 detentos escapam do Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat ). A fuga teria sido uma forma das facções "encobrirem" a rebelião na Compaj.
No total, 70 presos são recapturados.
2 de janeiro
Na Unidade Prisional de Puraquequara (UPP), também em Manaus, mais uma revolta deixa saldo de quatro detentos mortos.
O Estado do Amazonas resolve transferir presos ameaçados do Compaj. Exatos 283 detentos são levados para a Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa. A unidade prisional estava desativada desde outubro de 2016, por falta de estrutura.
Governador José Melo de Oliveira (Pros) promete reformar a cadeia com R$ 44,7 milhões vindos do Fundo Penitenciário Nacional.
O Ministério da Justiça, Alexandre Moraes, informa que repassará R$ 1,8 bilhão para presídios em 2017 e que mais R$ 1,2 bilhão já havia sido liberado aos estados. Cerca de sete mentores das rebeliões são identificados. Ministro informa que serão eles transferidos para presídios federais.
3 de janeiro
Familiares sofrem com falta de informação e lentidão do Instituto de Medicina Legal no reconhecimento e liberação de corpos dos detentos mortos na Compaj e no UPP.
4 de janeiro
No Sertão da Paraíba, no Nordeste do país, dois presos são assassinados em motim na Penitenciária Romero Nóbrega, em Patos.
5 de janeiro
O presidente Michel Temer fala pela primeira vez sobre as rebeliões. Diz que o motim da Compaj foi "acidente pavoroso". Demora e teor do pronunciamento são amplamente criticados.
Ministro da Justiça culpa empresa terceirizada pelas mortes. Plano de emergência é anunciado e engloba a construção de cinco presídios federais, com orçamento de R$ 430 milhões.
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) informa que fiscalizará as melhorias em prazo de 30 dias.
6 de janeiro
Uma nova rebelião assoma Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista, Roraima. Trinta e três detentos são assassinados.
7 de janeiro
"Sou filho de polícia. Sou meio coxinha sobre isso. Tinha é que matar mais. Tinha que fazer uma chacina por semana". O depoimento do secretário nacional de Juventude, Bruno Júlio (PMDB-MG), ao colunista Ilimar Franco, do jornal O Globo, custou-lhe o cargo.
8 de janeiro
Os presos do Compaj transferidos para a Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, em Manaus, fazem nova rebelião. Quatro detentos são assassinados.
Presidente da República anuncia que ajudará os estados do Amazonas, Roraima e Mato Grosso com agentes, recursos e equipamentos.
O governador do Amazonas pede apoio da Força Nacional. Roraima disse que já havia solicitado ajuda, mas que ela teria sido negada pelo governo.
Em mata ao lado do Compaj, três corpos são encontrados. Restos mortais ainda não foram identificados.
9 de janeiro
Governadora de Roraima, Suely Campos (PP), pede novo ajuda da Força Nacional.
Ministro da Justiça anuncia o envio de 200 agentes da Força Nacional para os estados do Amazonas e de Roraima, sendo 100 para cada. E informou que ajudará ainda o Acre, Rondônia, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Tocantins.
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