© Paulo Whitaker / Reuters
Alvo de críticas por ter viajado com a comitiva do presidente Michel Temer a Portugal, nessa segunda-feira (9), ao mesmo tempo em que comanda, como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (STE), o processo de cassação da chapa Dilma-Temer, Gilmar Mendes falou sobre o episódio.
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Em conversa com o Blog do Moreno, de O Globo, o ministro disse que mantém com Temer o mesmo nível de relação que manteve com presidente anteriores, e que isso nunca significou conflito de interesses.
"Não vou nem falar das relações que mantenho com o presidente Temer, que são as mesmas que mantive, por exemplo, com o presidente Lula. No caso de Lula, jantei inúmeras vezes com ele no Alvorada e as nossas mulheres inclusive sempre mantiveram um relacionamento de amizade. Mas nunca acenei com facilidades e Lula nunca me pediu nada, assim como Michel Temer. Eles sabem que, independentemente das relações pessoais, estou preso à minha condição de juiz. Meu compromisso é com a Constituição. É com a lei."
E prosseguiu: "Na verdade, quero falar da questão central que algumas pessoas estão colocando sobre o processo e a viagem, como se fossem incompatíveis. Não são porque nunca discuti esse tema com o presidente Temer e ele nunca me abordou sobre esse assunto e creio que jamais abordará. Esse tema só deve ser debatido no seu foro apropriado: o TSE. Mas, quero lembrar uma coisa sobre esse processo. Ele só existe, só está tramitando por minha causa. As pessoas se esquecem que a juiza Maria Tereza o indeferiu e eu é que insisti e lutei para a sua reabertura. E o fiz por considerar isso um dever de ofício."
Gilmar Mender também explicou por que não foi ao velório do ex-presidente português Mário Soares, motivo da viagem presidencial.
"Eu estou de férias em Portugal. Precisei vir ao Brasil para resolver problemas pessoais. O presidente me convidou para voltar com ele. Chegamos em Lisboa por volta das quatro da manhã. A cerimônia ocorreria horas depois. Desembarquei com uma crise de labirintinte. E por isso não fui."
Questionado sobre a viagem estar sendo apontada como uma carona até Lisboa, já que ele está de férias e não retornou com a comitiva ao Brasil, ele disse que trata-se de uma questão menor: "Vivemos desafios importantes. Devermos nos ocupar deles. Dessas questões todas que desafiam as instituições. Não vou me justificar de ter aceitado uma carona do presidente, pois teria que me justificar de outros encontros que mantenho com ele para discutir assuntos republicanos. Se aceitar caronas, convites para almoçar e jantar comprometessem a atividade de cada um que os aceitasse, seria impossível trabalhar em Brasília. Quantas vezes sou convidado, por exemplo, para almoçar ou jantar com jornalistas e empresários de comunicação e isso nunca interferiu no trabalho deles nem no meu. Sou às vezes muito e até injustamente criticado pela mídia. E nem por isso deixo de atender seus convites."
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