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Em 2016, uma adolescente de apenas 16 anos foi estuprada por mais de 30 homens e ela ainda teve que lidar com as imagens que foram gravadas durante o crime e foram parar na internet. Na semana passada, o caso de uma menina de 11 anos, vítima de estupro coletivo em Brasília e que também teve imagens divulgadas na internet, reavivou o debate sobre a violência contra a mulher e o futuro de uma sociedade que fere e mata mulheres.
Em entrevista ao HuffPost Brasil, a especialista em gênero Viviana Santiago, da ONG Plan International Brasil, atuante no combate à violência contra meninas, afirma que nossa sociedade vive um problema de erotização precoce amparado por uma cultura que culpabiliza a mulher. “A menina que é estuprada, ela é estuprada por ser mulher, porque o estuprador projeta ali o corpo de uma mulher. Se ele pode fazer isso com uma mulher adulta, ele vai fazer com uma menina”, explica.
A garantia de impunidade e a naturalização do ato violento completam o cenário assustador. "A cultura do estupro legitima essa prática como natural”, argumenta a especialista. "Nos próprios comentários há quem questione se a menina não fez alguma coisa, se não foi a roupa, se ela já não era mais virgem…", continua. A especialista pondera ainda que nossa cultura culpabiliza a vítima, que deveria ser amparada e não criticada. "A gente vive em uma sociedade marcada pela desigualdade de gênero, que opera a cultura do estupro, que legitima e ampara o comportamento violento e transforma as meninas e mulheres em culpadas da violência que sofreram", reflete.
O panorama da violência contra as mulheres e meninas revela um sintoma ainda mais profundo, que é o da mentalidade doentia da nossa sociedade atual, reflete a especialista: “Os estupros, a violência sexual contra meninas e mulheres são sintomas de uma sociedade adoecida, a sociedade da desigualdade de gênero, da subalternização, da materialização da vida e dos corpos.”
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