© Carlos Barria / Reuters
Enquanto milhares de pessoas protestavam contra Donald Trump na capital americana e em outras partes do país, o presidente dos EUA começou seu primeiro dia completo no cargo buscando a ajuda divina, em um serviço religioso ecumênico na Catedral Nacional de Washington.
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Mas a agenda de Trump neste sábado (21) já incluía assuntos espinhosos da esfera terrena, com uma visita à CIA (Agência Central de Inteligência). O presidente tem sido crítico à CIA e a outras agências de inteligência dos EUA, por afirmarem que há provas de que o governo russo ordenou ações de ciberespionagem durante a campanha para ajudar Trump
Depois de participar de três bailes inaugurais e dormir sua primeira noite na Casa Branca, Trump e a primeira-dama, Melania, chegaram à lotada Catedral Nacional de Washington pouco após as 10h (13h de Brasília) para o serviço religioso, outra tradição das posses presidenciais nos EUA.
"Neste momento de renovação de nosso país, o presidente tem a humildade de fazer uma pausa e acompanhar líderes das muitas diferentes tradições religiosas representadas em nosso país para pedir suas bênçãos por paz e prosperidade", disse num comunicado Sara Armstrong, chefe do comitê de posse. O serviço foi conduzido por pregações de 26 líderes de várias vertentes, do cristianismo, islã, judaísmo e hinduísmo.
Protestante não praticante, Trump gosta de dizer que a boa convivência com outras religiões começa na sua família. Sua filha e braço-direito Ivanka converteu-se ao judaísmo antes de se casar com o empresário judeu Jared Kushner, que foi nomeado assessor de Trump e é considerado uma das vozes mais influentes do novo governo.
Presidente por menos de 24 horas, Trump não deixou de lado o hábito de usar as redes sociais, publicando uma mensagem no Twitter 25 minutos antes de dar início a sua "pausa" religiosa. "Um dia e uma noite fantásticos em Washington", escreveu, agradecendo à rede conservadora Fox pelos "ÓTIMOS" comentários sobre seu discurso de posse. A mídia em geral tem sido um dos alvos constantes de ataques de Trump, e a relação continuou conturbada depois de sua vitória na eleição.
Horas mais tarde, quando milhares já marchavam nas ruas de Washington e de outras cidades contra ele, Trump tuitou mais uma vez, ignorando os protestos: "Me sinto honrado de servir a você, a grande população americana, como o 45º presidente dos Estados Unidos!". Só que o presidente recém-empossado escreveu "honered" e não "honored" (honrado) no primeiro tuíte -o que o obrigou a tuitar uma segunda vez, desta vez com a grafia correta.
ISLÃ
A presença de um representante do islã no serviço religioso desapontou parte da comunidade muçulmana nos EUA, que defende um boicote ao presidente por sua proposta de campanha de barrar muçulmanos de entrar no país. Alheio às críticas, o imã Mohamed Magid, de uma comunidade islâmica na Virgínia, perto da capital americana, decidiu não aderir ao boicote e participou da oração.
Em sua página numa rede social, o diretor executivo do Conselho de Relações Islâmicas-Americanas Ahmed Rehab protestou contra a "decisão unilateral de Magid" e que sua participação no serviço religioso dará a falsa impressão de "normalidade em relação a um presidente que mostrou à comunidade muçulmana e muitas outras uma animosidade alarmante". Com informações da Folhapress.
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