© REUTERS/Henry Romero
O presidente do México, Enrique Peña Nieto, volta a ser pressionado por opositores a cancelar a visita a Washington depois que seu colega americano, Donald Trump, decretou a construção do muro na fronteira dos dois países.
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A reunião está marcada para terça (31) na Casa Branca e o mexicano tentará mitigar os efeitos de duas promessas do republicano: a barreira e a eventual saída dos EUA do Nafta (Tratado de Livre-Comércio da América do Norte).
Peña Nieto nem nenhum de seus ministros se manifestaram até o momento. Na semana passada, o mexicano disse que não pagaria pelo muro, estimado em US$ 20 bilhões, mas manteve seu chamado ao diálogo.
As críticas vieram dos dois lados da oposição. O senador Roberto Gil Zuarte, do direitista PAN, afirmou que o México deve rebater, construindo "um muro virtual de cooperação binacional em migração e segurança".
Presidenciável do partido, Margarita Zavala considerou uma ofensa ao México e afirmou que o presidente deveria reconsiderar o encontro.
"O muro de Trump é um monumento ao ódio e à intolerância. É indigno de duas nações livres e democráticas."
O senador Armando Ríos Piter, do PRD (centro-esquerda), exigiu o cancelamento. Candidato à Presidência em 2006 e 2012 e principal militante da esquerda mexicana, Andrés Manuel López Obrador, disse que vai recorrer a tribunais internacionais para impedir a construção da barreira.
"Trump: seu muro nos agride e deixa a Estátua da Liberdade como lenda. Iremos a tribunais internacionais. Viva a fraternidade", declarou o presidente do Movimento Regeneração Nacional (Morena), em um canal oficial.
O ex-presidente Vicente Fox, que também é cidadão americano, já havia pedido o cancelamento antes do anúncio do muro. "Não existe diálogo com Trump. Não se pode repetir 31 de agosto. Seria uma dolorosa derrota."
Fox fez referência à visita de Trump ao México quando ele ainda era candidato, atendendo a pedido de Peña Nieto -o convite foi duramente criticado pela oposição. E repetiu a frase sobre o muro, desta vez destinada ao porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer. "O México não vai pagar por essa porra de muro."
CRISE
Caso mantenha a viagem, Peña Nieto pode arrumar mais um motivo de crise com sua população. O México foi um dos países em que houve o maior número de protestos no dia da posse de Donald Trump.
Desde que o republicano foi eleito, em novembro, o México é pressionado pela desvalorização do peso, que chegou a seu menor nível em relação ao dólar, e pelo risco de aumento nas restrições migratórias aos EUA.
A alta do dólar fez com que o governo tivesse que subir fortemente o preço da gasolina, subsidiado pela petroleira estatal Pemex, levando a três semanas de protestos violentos em todo o país desde dezembro.
As ameaças de Trump às empresas que atuam nos EUA, principalmente no setor automobilístico, deve pressionar também a geração de empregos: a Ford e a GM já transferiram operações do México para território americano. (Folhapress)