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A produtividade no Brasil caminha na contramão de países em desenvolvimento como Índia e China e tem avançado num ritmo inferior à dos Estados Unidos, afirma o economista José Alexandre Scheinkman, professor da Universidade Columbia.
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A entrevista faz parte da série "Estratégias para o crescimento: a mudança do papel do Estado na economia", produzida pelo Um Brasil em parceria com Columbia Global Centers - Rio de Janeiro, Center on Global Economic Governance da Universidade Columbia e FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo).
Scheinkman aborda a diferença entre a produtividade desses países com a do Brasil. Ele diz que, enquanto países que são sucesso de crescimento desde a década de 1980 -como Coreia do Sul, Índia e China- caminham para alcançar o desenvolvimento por terem melhorado sua produtividade em relação à dos Estados Unidos, no Brasil a produtividade cresceu menos que a americana.
"A única maneira de alcançar os países mais avançados é você melhorar a sua produtividade num ritmo mais rápido do que eles estão melhorando também, porque senão você nunca vai alcançar", diz.
O Brasil, por outro lado, ao contrário, nossa produtividade cresceu menos que a americana. Quer dizer, em relação aos Estados Unidos, se você tomar os Estados Unidos como padrão, nós fazemos ainda menos do que fazíamos antes com os mesmos insumos."
Scheinkman afirma ainda que a produtividade no Brasil é desigual. "Você vê setores como a intermediação financeira, por exemplo, em que a produtividade cresceu bastante. Você vê setores como manufatura em geral, a indústria manufatureira em geral, em que nossa produtividade andou para trás. Não só não alcançou a americana, mas andou para trás", ressalta. "E você vê setores como agricultura, na qual nossa produtividade cresceu muito mais rapidamente que nos Estados Unidos."
Segundo o economista, um dos fatores para o aumento da produtividade da agricultura foi a criação da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), que desenvolveu tecnologias que priorizaram não só o retorno privado, mas também o social.
No caso da indústria manufatureira, a criação de reservas de mercado para fabricantes prejudicou a competitividade dos fabricantes. "É um exemplo da proteção efetiva. Você protege uma coisa e desprotege uma série de outras coisas", diz.
Nenhuma dessas coisas é responsável pela recessão aguda que vivemos agora, porque isso tem efeito de longo prazo. A razão pela qual a recessão machuca tanto é porque não somos um país rico. No Brasil, todo mundo quer progresso, mas ninguém quer mudança."
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