© Jan Ribeiro/Pref.Olinda
Era para ser o primeiro polo gospel oficialmente incorporado ao Carnaval de Olinda (PE), um dos maiores do Brasil. A festa iria até meia-noite e contaria com adaptações bem-comportadas, com letras evangelizadoras, de ritmos que iam do frevo ao manguebeat. Voluntários distribuiriam cerca de dez mil Bíblias pela área e em comunidades.
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A prefeitura local, contudo, cancelou a atração (que seria um dos 13 palcos oficiais) nesta terça-feira (14), uma semana após anunciá-la. Diz que o fez a pedido dos próprios organizadores.
Entre os próprios evangélicos, a ideia de montar um Carnaval evangélico gerou mais polêmica do que bênção.A bancada evangélica da Assembleia Legislativa pernambucana, por exemplo, não aprovou. O deputado estadual Adalto Santos (PSB) disse que conversaria com o prefeito de Olinda sobre o "prejuízo espiritual" do evento.
"Fazemos todo um esforço para tirar a juventude das drogas e da promiscuidade, e isso pode se perder se essas pessoas participarem do Carnaval", afirmou em discurso na Assembleia.
O deputado-pastor Cleiton Collins (PP) o acompanhou. "Evangélico não brinca o Carnaval. O que devemos fazer é evangelizar e cuidar das feridas nesta festa, que provoca muitos problemas com álcool e drogas", afirmou, segundo o "Jornal do Commercio".
O próprio prefeito, Professor Lupércio (SD), é evangélico. Em comunicado, a prefeitura disse que o polo "não foi pensado para que os evangélicos 'brincassem' o Carnaval".
Um dos coordenadores da atração, o pastor Josildo Ferreira diz à reportagem que "a mídia distorceu um pouco as coisas", o que levou "as igrejas mais tradicionais a não entenderem nosso objetivo".
Ele é também vocalista da Banda Nova, que se apresentaria no local e prega a palavra de Deus em maracatu, ciranda e outros ritmos populares no Estado."Jesus não veio mudar a cultura, e sim as pessoas", diz. Segundo Josildo, algumas ações do Movimento Missões Urbanas Brasil, responsável pelo polo frustrado, continuarão -como a distribuição das Bíblias e a peregrinação de um grupo de percussão gospel com cerca de 200 pessoas. Com informações da Folhapress.
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