Fugindo de crise, venezuelanos buscam emprego no Brasil

O estado de Roraima é a principal porta de entrada dos venezuelanos

© Reuters

Brasil Vida Nova 18/02/17 POR Notícias Ao Minuto

Uma vaga de emprego é o que a maioria dos migrantes venezuelanos procura ao chegar ao Brasil. O grau de qualificação e experiência profissional são variados. Para conseguir um trabalho, os migrantes precisam enfrentar a barreira do idioma e regularizar a situação.

PUB

O estado de Roraima é a principal porta de entrada dos venezuelanos. Em 2016, recebeu cerca de 30 mil migrantes. Na capital, Boa Vista, dezenas deles podem ser encontrados às portas da Polícia Federal em busca de documentos que os habilitem a permanecer no país.

Segundo o secretário nacional de Justiça e Cidadania, Gustavo Marrone, ao pedir refúgio no país, o estrangeiro já consegue autorização para trabalhar. Mas se não regularizar a situação em até 90 dias, pode ser deportado.

"O solicitante de refúgio já pode trabalhar, já recebe a carteira de trabalho. Os outros precisam fazer o pedido de uma permanência temporária com autorização para o trabalho, que é concedida pelo Comitê Nacional de Imigração. Esse é o requisito básico para eles. Ou via solicitação de refúgio ou via de permanência provisória com autorização pro trabalho", disse.

Dados do Sistema Nacional de Empregos (Sine) de Roraima apontam que, no último trimestre do ano passado, 17 candidatos venezuelanos foram para entrevistas de emprego e dois deles foram contratados.

Funcionário da Secretaria de Trabalho e Bem-Estar Social de Roraima, Dênes Viana da Silva, atende diariamente dezenas de venezuelanos em busca de emprego. Muitos, segundo ele, têm curso superior e ocupavam bons cargos no país de origem. "Estamos encontrando muitos deles que têm cargos, são servidores públicos dentro de seu país e que agora estão assim, nessa situação, se encontrando nessa calamidade, mas com a esperança de, no Brasil, no nosso país, encontrar uma oportunidade de poder recomeçar, e quem sabe dentro da sua experiência, da sua área profissional e do seu nível superior, a maioria deles tem condições de conseguir uma oportunidade de começar de novo", afirmou.

Aqueles com formação superior são indicados para vagas em escritórios de contabilidade e de advocacia. Candidatos com menos anos de escolaridade buscam ocupação no comércio, serviços gerais e na construção civil.

O venezuelano Marcos Pacheco tenta uma vaga de emprego no Brasil  Graziele Bezerra/Rádio Nacional da Amazônia

É o caso de Marcos Luis Pacheco, de 30 anos, que deixou o município de Maturín, a 416 quilômetros da capital venezuelana Caracas, para conseguir uma oportunidade de trabalho no Brasil. Ele chegou em Roraima com a ajuda de conterrâneos e, em Boa Vista, disputa uma vaga de serviços gerais. "Não encontrei forma de conseguir a comida e o trabalho para me sustentar, para sustentar meu filho e minha mãe, então consegui uma oportunidade de vir para cá", contou.

Já a publicitária Jéssica de Souza, há quatro meses no Brasil, precisou passar por várias entrevistas até ser contratada por um jornal de Boa Vista. Filha de mãe brasileira, Jéssica disse que falar e entender o português ajudou para conquistar a vaga. Ela afirmou que o mercado de trabalho no seu país passa “por um momento muito difícil” sem muitas oportunidades. "Já tenho domínio do idioma. Eu falo bastante, para escrever também não tenho problema. Acho que isso ajudou bastante".

"Pretendo continuar aqui e fazer a minha vida profissional, porque acho que a Venezuela está em um momento muito difícil e não tem oportunidade para os profissionais", acrescentou a publicitária.

E aqueles que não conseguem uma vaga recorrem à informalidade. Pelas ruas de Boa Vista, muitos fazem malabares, limpam parabrisas de carros nos semáforos ou vendem artigos em bares e restaurantes.

Nova casa

Sem moradia, o Centro de Referência ao Imigrante, um ginásio de esportes na zona oeste da cidade, virou a casa de centenas deles.

Um grupo de voluntários da ONG Fraternidade ajuda na distribuição das tarefas no centro de imigraçãoGraziele Bezerra/Rádio Nacional da Amazônia

A rotina da casa é organizada por voluntários da organização não governamental Fraternidade. As tarefas do dia, como a preparação da comida e a limpeza das dependências, são distribuídas entre os moradores. Nos horários de maior movimento: o café da manhã e o jantar, o centro chega a receber 160 pessoas.

Como a dona de casa Rita Hernandez, de 25 anos, que vive no abrigo com os dois filhos, um de 3 anos e outro de 5 anos. O terceiro filho, mais novo, ela deixou na Venezuela. "Lá não temos nada, não temos comida. A Venezuela está passando fome. Não temos dinheiro para comprar nada", disse. 

Rita Hernandez veio com dois filhos para tentar uma nova vida em RoraimaGraziele Bezerra/Rádio Nacional da Amazônia

A nova moradia da família de Rita é um espaço na arquibancada do ginásio. Ela chegou ao local em dezembro, em busca de comida. O abrigo é mantido pelo governo do estado e entrou em funcionamento em dezembro do ano passado.

O coordenador do centro, tenente Fernando Troster, disse que muitos venezuelanos desejam permanecer no Brasil. "Eles não vieram porque queriam vir, eles vieram porque havia uma necessidade. Ainda que eles tivessem dinheiro, pela crise de abastecimento, eles não tinham condição de adquirir comida. Mas chegando aqui, e vendo que a situação na Venezuela não tem uma perspectiva de curto prazo de melhora eles querem, muitos aqui, dos não indígenas, especialmente, se inserir no mercado de trabalho". Com informações da Agência Brasil. 

Leia também: Violência muda comandos das polícias Militar e Civil em PE

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

fama Luto Há 19 Horas

Morre o cantor Agnaldo Rayol, aos 86 anos

esporte Peru Há 22 Horas

Tragédia no Peru: relâmpago mata jogador e fere quatro durante jogo

mundo Loteria Há 22 Horas

Homem fica milionário depois de se esquecer do almoço em casa: "Surpreso"

fama Televisão Há 20 Horas

'Pensava que ia me aposentar lá', diz Cléber Machado sobre demissão da Globo

politica Tensão Há 22 Horas

Marçal manda Bolsonaro 'cuidar da vida' e diz que o 'pau vai quebrar' se críticas continuarem

lifestyle Alívio Há 22 Horas

Três chás que evitam gases e melhoram a digestão

fama Luto Há 22 Horas

Morre o lendário produtor musical Quincy Jones, aos 91 anos

fama Saúde Há 21 Horas

James van der Beek, de 'Dawson's Creek', afirma estar com câncer colorretal

tech WhatsApp Há 22 Horas

WhatsApp recebe novidade que vai mudar forma como usa o aplicativo

mundo Catástrofe Há 21 Horas

Sobe para 10 o número de mortos após erupção de vulcão na Indonésia