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Tratar a acne é uma tarefa difícil, porque a doença inflamatória de pele tem causa multifatorial e, se um dermatologista não for consultado, o corpo pode não responder tão bem ao tratamento. Na verdade, pode haver até mesmo um processo de piora: o chamado efeito rebote.
"Existem alguns produtos que secam demais a pele, dando a impressão do controle da oleosidade, porém o sistema biológico desenvolve mais óleo para dar o equilíbrio necessário e este desenvolvimento com produção de mais do óleo (chamado de efeito rebote), associado à descamação da pele causada pelo ressecamento, aumentam em muitas vezes o acúmulo da acne, piorando o processo infeccioso e formando comedões", explica Márcio Accordi, biólogo especialista em cosmetologia e diretor da Biozenthi Laboratórios Cosméticos.
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A dermatologista Dra Claudia Marçal, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia, lembra que produtos mais abrasivos, mais alcalinos e com mais esfoliação (com remoção justamente dessa gordura que incomoda) acabam mudando muito o pH da pele. "Com isso, há um estímulo que é uma tentativa de proteção que o organismo faz quando eu não tiro só o excesso de oleosidade: eu tiro o excesso e a proteção natural. Quando isso ocorre e não hidrato a pele logo na sequência, a única maneira que o organismo tem de tentar se defender dessas agressões sofridas é produzindo mais gordura", explica. Esses produtos podem ser de higienização (como os sabonetes), de tonificação (como os tônicos adstringentes com álcool em excesso na formulação) e secativos.
O excesso de limpeza, às vezes com reaplicação do produto várias vezes ao dia, também colabora para esse fenômeno, explica o consultor e pesquisador em Cosmetologia Lucas Portilho, farmacêutico e diretor científico da Consulfarma. "O ácido salicílico, um agente multifuncional, muito utilizado em pacientes com acne, por exemplo, atua sobre praticamente todas as alterações presentes na acne, por isso é bastante utilizado em produtos de limpeza e de tratamento. Mas quando utilizado de maneira exagerada, pode levar à redução excessiva da oleosidade da pele, com ressecamento intenso e posterior estímulo à produção compensatória de mais oleosidade", acrescenta.
Para que não ocorra o efeito rebote, não é necessário evitar substâncias cosméticas, explica Lucas. "Na verdade, estas devem ser utilizadas de maneira correta, para que sua eficácia seja atingida, levando aos resultados desejados. Com relação à limpeza e remoção da oleosidade da pele, uma boa opção é utilizar produtos que retirem o excesso, mas que também hidratem o suficiente para que não haja um desequilíbrio", conta.
A dermatologista Dra Claudia Marçal também orienta que seja feita, sim, a limpeza e higienização da pele, mas com orientação e parcimônia, não ultrapassando o uso de três vezes ao dia. "A hidratação posterior deve ser feita na forma de séruns com produtos de toque seco, com protetores adequados ao clima e à pele, o que também é importante para fazer com que não haja o efeito rebote", comenta.
No caso do controle da oleosidade, Lucas afirma que existem ativos que não têm ação específica nas glândulas sebáceas, mas controlam a oleosidade por até 6 horas. É o caso das sílicas e amidos modificados que conseguem absorver o sebo liberado na superfície da pele, proporcionando efeito "matte", ou seja, sem brilho.
Produtos mais naturais e sem sulfatos, de acordo com Márcio Accordi, ajudam a tratar a acne de maneira efetiva sem as dores de cabeça do efeito rebote. "As argilas são boas opções", sugere.