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Ele frisou que mudanças na classificação de risco brasileira podem ocorrer "antes ou depois" das eleições de 2014. Se essa relação subir, o Brasil seria forçado a entregar um superávit primário maior.
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O analista ressaltou em diversos momentos que a S&P não olha números de curto prazo, como indicadores de um mês ou um trimestre, para tomar suas decisões. "Olhamos tendências, mas isso não significa que não podemos fazer ações mais rapidamente". Briozzo frisou ainda que a deterioração das contas do governo brasileiro deixou o País com pouca flexibilidade para usar a política fiscal para estimular o crescimento econômico. Desde que o governo divulgou um inesperado déficit primário de US$ 9,05 bilhões em setembro, aumentaram as apostas no mercado de um possível rebaixamento do rating do Brasil.
A situação fiscal, embora seja um indicador importante para mudar a classificação de risco soberano de um país, não é o único fator levado em conta, ressaltou o analista. Ele também destacou que, nas contas do governo, não há um "gatilho", ou seja, um número, que faz a S&P mudar o rating de um país. "Olhamos o conjunto das contas fiscais", afirmou.
O Brasil tem rating "BBB" pela S&P, segundo menor nível dentro do grau de investimento. A agência é a única entre as três principais, que inclui ainda a Fitch e a Moody's, a colocar a nota brasileira em perspectiva negativa.
América Latina
No período de 2008 a 2013, das mudanças de classificação de risco na América Latina, 51% foram elevações de notas e 49% de reduções pela S&P. De acordo com a diretora Lisa Schineller, os ratings soberanos dos países da América Latina melhoraram mais que os de outras regiões do mundo nos últimos anos.
A média da América Latina de elevações de notas soberanas é bem mais alta, em meio à melhora dos fundamentos macroeconômicos da região nos últimos anos. No geral, no mesmo período, houve 66% de rebaixamentos e 35% de elevações de ratings soberanos pela S&P no mundo. A Europa é onde a situação é pior, com 85% de rebaixamentos e 15% de melhora de notas.
No caso da América Latina, Lisa citou que os dois maiores países da região têm tendências distintas para suas classificações de risco: o México com perspectiva positiva e o Brasil com negativa. No caso da economia mexicana, a economista frisou que o país tem uma agenda de reformas estruturais, um dos fatores que justificou a melhora de perspectiva para o rating feita em março pela S&P.
Já no caso brasileiro, Lisa cita uma deterioração das contas fiscais e um ambiente de menor crescimento econômico como fatores que justificam a mudança da perspectiva para negativa em junho deste ano. Lisa ressaltou que há uma falta de clareza nas metas fiscais do governo brasileiro e a dúvida é se a piora das contas vai se consolidar ou o País vai conseguir reverter essa situação.
Grupo X
A S&P avalia ainda que o colapso das empresas de Eike Batista acendeu uma "luz amarela" na América Latina, mas não representa um risco significativo para o sistema bancário do Brasil. Briozzo destacou que a decisão do governo brasileiro, até agora, de não socorrer as empresas do Grupo X, apesar de serem grandes companhias, é "um sinal interessante".