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A safra de grãos da temporada 2016/2017, estimada em 219,1 milhões de toneladas, corre o risco de ir pelo ralo devido às péssimas condições das rodovias que ligam os grandes centros produtores, como do Centro-Oeste, aos portos do Norte do país.
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O alerta partiu nada mais, nada menos do que do próprio ministro da Agricultura, Blairo Maggi, ele mesmo um dos maiores produtores de soja do Brasil. As imagens do engarrafamento que durou mais de 10 dias na BR-163 — que deixou 4 mil caminhoneiros literalmente ilhados pela lama que tomou conta da estrada — mostram o estado de abandono da malha rodoviária, o que acarreta perdas de parte do produto e custos elevados não só com a retenção, como também da multa diária paga pelos dias de navios parados nos portos ou mesmo o remanejamento de rotas, caso de agora, quando foram acionados os terminais de Santos (SP) e Paranaguá (PR). As fortes chuvas que atingiram o trecho entre os municípios de Trairão e Novo Progresso provocaram um congestionamento de 50 quilômetros.
Em seu último levantamento, referente a 2016, a Confederação Nacional dos Transportes (CNT) avaliou o estado de 103.259 quilômetros de estradas no país. As conclusões são preocupantes: 23,6% receberam classificação de ruim ou péssima, levando-se em consideração fatores como pavimentação, sinalização e geometria. Os trechos considerados regulares ficaram com 58,2% e o restante como bom ou ótimo. O problema está no fato de que a maioria dos trechos considerados péssimos são justamente aqueles que servem de escoamento da produção agropecuária brasileira.
O vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Hélio Sirimarco, admite que o grande problema que o Brasil enfrenta no setor é a parte logística que não recebeu as melhorias necessárias para acompanhar o crescimento do agronegócio a cada ano. Ele lembra que, nos últimos anos, está se abrindo uma nova frente de escoamento da safra de grãos, no chamado Arco do Norte, com portos no Amazonas, Pará e Maranhão, logisticamente interessantes devido sua maior proximidade com grandes mercados consumidores como Estados Unidos e União Europeia.
"A estrutura dos portos está ótima. O problema todo é o acesso. Nos portos, a iniciativa privada assumiu, as grandes trades investiram no negócio, inclusive a Maggi, do próprio ministro. Temos uma malha hidroviária enorme que não é utilizada, não temos rotas de ferrovias eficazes que possam minimizar esse problema. Não é só a parte de rodovias. Também coloco no bolo ferrovias e hidrovias. Basta olhar para o nosso maior concorrente em soja, os Estados Unidos, que utilizam o Mississipi como sua grande via de escoamento, porque seu grande porto para grãos é Nova Orleans e a sua região produtora está no Centro-Oeste. O custo de transporte do produtor americano é bem menor do que o do brasileiro."
A saída, segundo a SNA, é a adoção de um programa por parte do Ministério dos Transportes, abrindo a operação à iniciativa privada se o governo julgar não ter as condições necessárias. Segundo Sirimarco, o governo sabe o que existe e o que precisa ser feito.
"Isso está prejudicando um segmento que representa um terço do PIB. A economia do país está em recessão, mas esse setor continua crescendo, gerando emprego. Para mim, é um tiro no pé", diz o vice-presidente da SNA. Com informações do Sputnik Brasil.