Comércio de SC 'adota espanhol' para receber turistas argentinos

Os anúncios no idioma estrangeiro estão na televisão, nas fachadas de loja e até em outdoors, o que nunca havia ocorrido nos principais destinos de praia do Estado

© Divulgação

Economia Florianópolis 06/03/17 POR Folhapress

Para fazer o turista argentino sentir-se em casa, o comércio de praia em Santa Catarina sempre usou termos como "choclo hervido" (milho verde), "sombrilla" (guarda-sol) e "alquiler" (aluguel) em pequenas placas na orla.

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Nesta temporada, quando o Estado espera receber 1,5 milhão de argentinos e acredita que a presença deles garantirá uma temporada sem crise, grandes redes de lojas decidiram anunciar em espanhol. Os anúncios no idioma estrangeiro estão na televisão, nas fachadas de loja e até em outdoors, o que nunca havia ocorrido nos principais destinos de praia do Estado.

Com a venda aos argentinos, que voltaram a Santa Catarina por causa da valorização do dólar ante o real, as redes anunciantes esperam faturar até 15% a mais nesta temporada frente à anterior. A varejista catarinense Koerich, que vende móveis e eletrônicos, chegou a treinar os vendedores das unidades de praia para atender os argentinos.

A rede instalou outdoors em Florianópolis para vender celulares. O anúncio diz que o turista encontrará em suas instalações "los mejores precios" (os melhores preços). A Dpaschoal também fez anúncios em espanhol para vender "neumáticos" (pneus). Trata-se de propaganda estratégica, pois boa parte dos hermanos chega a Santa Catarina de carro, frequentemente em comboios de três a cinco veículos.

MODA

Empresas de mídia exterior consultadas pela reportagem informaram que esta é a primeira temporada com outdoors em espanhol no litoral catarinense. "Eu nunca tinha visto. Como a ideia é boa, acredito que teremos vários até o fim da temporada", diz Jucélio Coelho, gestor de uma empresa com 420 outdoors na Grande Florianópolis.

"Esta é uma moda que vai pegar", diz Marciane Sebold, coordenadora de uma empresa que administra 300 outdoors na região.

As empresas consultadas pela reportagem não têm informações sobre a quantidade de outdoors em espanhol no litoral do Estado. Em Florianópolis, nesse tipo de placa, há apenas anúncios das redes Koerich e Dpaschoal.

A novidade tem se espalhado, e anúncios no idioma estrangeiro agora podem ser vistos até em áreas afastadas das praias. A loja de calçados Studio Z instalou grandes adesivos na fachada da loja do bairro Kobrasol, em São José, na Grande Florianópolis. A praia mais perto fica a 30 km de distância.

O comércio catarinense também levou anúncios em espanhol à televisão. A varejista catarinense Havan fez anúncio em emissoras locais para vender utilidades domésticas e roupas de cama, mesa e banho. A publicidade tem áudio e texto em espanhol.

CRISE

A maioria dos argentinos que visita Santa Catarina procura hospedagem na praia de Canasvieiras, em Florianópolis. No local é quase obrigatório falar e escrever o básico em espanhol. O corretor de imóveis Pablo Aguires tem na ponta da língua termos como "calle" (rua), "cerca" (perto de), "unbicación" (localização) e "vacaciones" (férias) para atender os turistas argentinos.

"Aqui a gente necessita saber pelo menos as palavras básicas. Muito argentino, quando percebe que não está sendo compreendido, te dá as costas", diz ele, que tem nome de argentino, mas é brasileiro. O trade turístico de Santa Catarina acredita que a presença dos argentinos fará o Estado ter uma temporada sem crise.

Nos hotéis, o índice de ocupação no fim do ano teve um crescimento de 10% por causa dos portenhos, segundo o sindicato do setor. Os turistas do país vizinho voltaram em peso ao Estado no ano passado, após 15 anos longe -os hermanos pararam de veranear em SC em 2001, com a crise econômica argentina.

Segundo a Santur (estatal do Turismo), 1,1 milhão de argentinos passaram por Santa Catarina na temporada passada. O movimento foi semelhante ao volume anual verificado entre 1990 e 2001. O período ficou conhecido como a época do "dame dos" (dá-me dois) porque os argentinos, favorecidos pelo câmbio, compravam em dobro quase tudo que era vendido no litoral catarinense. Com informações da Folhapress.

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