© Divulgação/Rizoma
No concorrido mundo literário, a Rizoma, uma distribuidora de livros independente formada no final do ano passado pelas editoras Autonomia Literária, Elefante e N-1 teve a ideia de lançar o RizomaMóvel, uma livraria móvel dentro de um tradicional ônibus escolar amarelo americano, que está invadindo as ruas de São Paulo.
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Em entrevista exclusiva para a Sputnik Brasil, um dos responsáveis pelo projeto do Rizomamóvel, Hugo Albuquerque falou que além da venda de livros a iniciativa traz mais independência para as pequenas editoras, acabando com o problema de atravessadores que geram grandes gastos para elas, além de democratizar conteúdos que hoje estão restritos ou à margem de espaços tradicionais.
"O nosso projeto é uma tentativa de contornar o mercado clássico, tradicional do livro, que acaba onerando as pequenas editoras e os profissionais do mundo do livro. É um modo para contornar isso e fazer vendas diretas, de fazer o livro circular, porque as nossas editoras possuem uma proposta muito menos comercial e mais um compromisso com o livro."
Hugo explicou que a grande proposta do booktruck é buscar uma estrutura própria para a cooperativa diante da crise e ao mesmo tempo colocar em prática o ideal do grupo que é o da circulação literária através de uma loja móvel. "Nós precisamos ter uma estrutura própria. Não adianta ficar reclamando do mercado editorial sem fazer nada, e o Rizomamóvel é o veículo que nós temos, é onde existimos fisicamente. É uma loja móvel, mas ao mesmo tempo um espaço onde o projeto toma vida, onde vamos a público, transitamos. Não é uma banca ou uma livraria.O propósito do projeto da Rizoma como uma cooperativa de editoras independentes é fazer o livro transitar e nada melhor do que ter uma loja móvel."
Além de facilitar o acesso da população a livros que normalmente não estão nas grandes livrarias, Hugo Albuquerque conta que o ônibus também é um espaço de propagação de cultura, conscientização política através de atividades como exibição de filmes, palestras e debates com autores, os aproximando do público.
"Nós estamos circulando. Atualmente nós estamos parados na frente do Al Janiah, um bar e restaurante palestino, que é um espaço cultural. Nós não estamos lá na frente à toa. Vamos ficar mais um tempo por lá e depois estaremos na programação da Feira do Livro Político. A ideia é essa, estar transitando e parando de tempos em tempos em lugares que tem uma conexão com o mundo cultural e político aqui de São Paulo e provavelmente fora de São Paulo também no médio prazo."
Sobre a repercussão do projeto do booktruck nas pessoas. Hugo diz que tem sido muito positiva. O ônibus escolar amarelo atrai a curiosidade. O espaço conta ainda com um café e estantes modulares, com a possibilidade de se ampliar para áreas externas através de estantes e mesas desdobráveis, sendo um local aconchegante para os amantes da literatura. "É legal, porque a figura do ônibus escolar acaba magnetizando o público. Você vê um ônibus escolar daquele americano, acabamos entendendo o que é produção de subjetividade. Ninguém nunca viu um fisicamente, mas aquilo é incrivelmente familiar para o público de modo geral. As crianças gostam bastante, o público sempre procurar entrar."
Hugo ainda ressaltou como Rizomamóvel dá a oportunidade de se ter um contato direto com o leitor, sem ser meramente um processo comercial de venda de livros. "É super animado, bom poder ter o contato direto com o público, ouvindo o que eles tem a dizer, conversando e dando uma oportunidade para o editor que tem uma relação muito própria. Ouvir o que o público tem a dizer sem aquilo estar intermediado por todo um esquema comercial, que já está alienado do processo de produção do livro." Com informações da Sputnik News Brasil.
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