© Reuters
"A sociedade não pode colocar suas expectativas de modo excessivo no Judiciário contra a corrupção". A declaração é do procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, ao divulgar o balanço dos três anos da investigação, nesta sexta-feira (17).
PUB
Para Dallagnol, o Congresso precisa caminhar para reformas que atuem na repressão e responsabilização dos crimes.
A exposição dos números nesses três anos de operação e a explicação dos coordenadores ganhou um tom de defesa da Lava Jato.
"Basta uma noite no Congresso para derrubar a operação. Revelamos a extensão da corrupção. As provas estão aí para que todos nós possamos vê-las", disse o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima.
"Ao expor todas essas provas, chegamos a um momento que aqueles que estão sendo revelados estão tentando reagir", disse Lima - que também faz aniversário hoje, junto com a operação. "Creio que estou nessa mesa só porque é meu aniversário", brincou.
Ele também criticou firmemente a movimentação nos bastidores do Congresso para resgatar a proposta de "Anistia ao Caixa 2". "Não existe essa discussão sem corrupção e lavagem de dinheiro. Esse discurso só interessa a quem cometeu os atos de lavagem [de dinheiro]. É um benefício da classe política para si mesmo, é inconstitucional e imoral".
Já Dallagnol defendeu restrições ao foro privilegiado. "O Supremo precisa instalar métodos para que seja restringido [o foro privilegiado]".
COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
O balanço de três anos da Lava Jato pelo Ministério Público Federal, nesta sexta, destacou sobretudo a cooperação internacional. Procuradores lembraram que a cooperação com a Suíça levou às provas contra Paulo Roberto Costa e Alberto Yousseff, no princípio da operação, bem como às prisões de Nestor Cerveró e do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.
Foram lembrados ainda a recuperação de ativos internacionais por meio desses acordos: R$ 756,9 milhões. "Antes da Lava Jato, em toda a história do Brasil, tinham sido recuperados do exterior R$ 45 milhões", afirmou Dallagnol.
Até o momento, conforme a Secretaria de Cooperação Internacional (SCI) do Ministério Público Federal, foram realizados 183 pedidos de cooperação internacional dentro da Operação Lava Jato, com 43 países.
Nesses três anos, os crimes já denunciados pela Lava Jato em primeira instância envolvem o pagamento de propina de cerca de R$ 6,4 bilhões. O bloqueio de bens dos réus já totaliza a cifra de R$ 3,2 bilhões e metade dos 260 acusados foram acusadas criminalmente, totalizando 1.362 de pena. Com informações da Folhapress.
Leia também: Adriana Ancelmo deixa Bangu para cumprir prisão domiciliar